Mais de 100 generais e almirantes da reserva das Forças Armadas norte-americanas pediram ao Senado a rejeição da indicação de Gina Haspel como diretora-geral da CIA. O pedido foi encaminhado ao Congresso e remete aos escândalos de casos de tortura ligados a Haspel, que responde a acusações de coordenar torturas e destruir provas institucionalizada na agência.
“Se os registros demonstram que Haspel desempenhou algum papel na execução, supervisão ou direção de qualquer forma de tortura ou abuso contra detentos, ou na destruição das provas relacionadas a essas atividades, nós pedimos que seja rejeitada a sua indicação”, afirma a carta dos oficiais militares.
O documento cita relatos de que Haspel dirigia um QG fantasma da CIA na Tailândia, onde há provas de que pelo menos um detento, Abd al-Rahim al-Nashiri, sofreu, sob sua supervisão, e repetidas vezes, tortura por afogamento.
Aos argumentos de que Haspel seria uma agente exemplar e que apesar das torturas prestou excelentes serviços à inteligência americana, os generais afirmaram que “não aceitam desculpas para a tortura ou demais abusos ilegais”. Segundo eles, não cabe a desculpa de que ela estava “apenas seguindo ordens” ou de que os ataques de 11 de setembro 2001 devem permitir tais condutas ilegais ou antiéticas.
Sua nomeação foi divulgada pelo governo Trump no dia 13 de março, em substituição ao então diretor da CIA, Mike Pompeo, que assumiu a Secretaria de Estado, e do qual ela era a vice-diretora, indicada por Trump em fevereiro do ano passado. Sua nomeação para a direção da CIA aguarda a confirmação do Senado.
Entre os parlamentares favoráveis a Haspel está a senadora do partido Democrata, Dianne Feinstein, líder do comitê que divulgou um relatório sobre as práticas de tortura perpetradas pela agência de inteligência estadunidense. Sobre a nomeação, durante coletiva de imprensa datada de março, Feinstein afirmou que a CIA tem muito a aprender com as lições de Haspel.
Ainda contra sua nomeação, se somam mais de 50 organizações norte-americanas de defesa dos direitos humanos, que juntas protocolaram no Senado uma carta de repúdio a sua indicação.