“Estamos determinados e salvaremos a democracia. O protesto deve superar e passar para a desobediência civil não-violenta”, aponta o ex-premiê Ehud Barak, que participou do ato em Haifa
Mais de cem mil pessoas tomaram as ruas de Israel neste sábado, pela 23ª semana consecutiva, para repudiar a reforma do Judiciário encaminhada pelo governo de extrema-direita de Benjamin Netanyahu, que destrói o equilíbrio de poderes e impõe o tacão do Executivo sobre o Judiciário.
“Enfrentamos um perigo claro e imediato. Se o governo realizar uma tomada hostil do comitê de seleção de juízes, será surpreendido pela força da reação”, afirmaram os organizadores do ato. Conforme os ativistas, “somente uma luta determinada e intransigente vai impedir a nomeação de juízes e impedir que o governo implante uma ditadura. É preciso sair às ruas no dia da guerra e se opor”.
Há meses o Estado de Israel vem sendo abalado por uma série de protestos populares contra a “reforma” do primeiro-ministro Netanyahu, mudanças que lhe proporcionam o direito de escolher a maioria dos juízes, incluindo membros da Suprema Corte.
Além disso, os opositores alertam que a medida representa um ataque ao equilíbrio de poderes de Israel, abalando qualquer resquício de democracia ao conferir ao parlamento uma influência incomum para derrubar decisões judiciais.
“Venceremos porque não temos outro país e não temos outro caminho, estamos determinados e salvaremos a democracia. O protesto deve superar e passar para a desobediência civil não-violenta”, declarou o ex-primeiro-ministro Ehud Barak, que participou do ato em Haifa. “Peço aos cidadãos de Israel que se preparem para agir e, quando o chamado chegar, respondam a ele”, conclamou.
Em Tel Aviv, a funcionária do setor de alta tecnologia, Michal Gat, disse que os israelenses estão “sequestrados” e assegurou que permanecerão mobilizados “com nossos filhos, faça chuva ou faça sol, por quantas semanas seja necessário”. “É muito importante para o nosso povo preservar a democracia”, frisou.
Entre outros danos, a investida de Netanyahu retira dos cidadãos israelenses a cobertura dada pela possibilidade de recurso ao Judiciário contra leis ou proposições parlamentares que agridam direitos das mulheres ou da minoria árabe.