
Começou na última terça-feira (03) o 11º Fórum Parlamentar do BRICS, evento que reúne delegações de 35 países, incluindo os 11 membros do bloco e países parceiros para debater o papel dos parlamentos na construção de uma governança global mais inclusiva e sustentável.
Durante a abertura oficial, nesta quarta-feira (04), o presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União- AP), afirmou que é um orgulho para o Congresso Nacional brasileiro sediar este fórum “que já se revela como um símbolo forte da cooperação internacional entre os nossos parlamentos”.
“Ao assumir a presidência rotativa em 2025, o Brasil consolida sua posição de respeito às diferenças políticas e do diálogo internacional como instrumento essencial de paz e progresso. É com esse espírito de cooperação e de construção conjunta que, durante três dias, representantes dos poderes legislativos dos onze países membros e das nações parceiras estarão aqui”, disse Alcolumbre.
O senador afirmou que o fórum discutirá temas fundamentais do nosso tempo, em especial sobre os desafios para a segurança e a paz, bem como “debater como fortalecer os sistemas de saúde pública, num mundo que ainda é vulnerável às emergências sanitárias”, disse em referência a pandemia de Covid-19.
A abertura contou também com a participação do vice-presidente e presidente da República em exercício, Geraldo Alckmin, destacou que a cooperação entre os legislativos é essencial para transformar decisões do bloco em resultados concretos.
“Devemos legislar para garantir acesso equitativo à saúde, fomentar iniciativas que reduzam a pobreza e incentivem a inovação com justiça social. Precisamos aprovar políticas que acelerem a transição ecológica, promovam uma inteligência artificial ética e inclusiva e fortaleçam os mecanismos multilaterais de diálogo e cooperação” defendeu, ao falar de temas que integram a lista de prioridades definidas durante a presidência rotativa brasileira do bloco.
Alckmin destacou que nenhum país pode enfrentar tais desafios sozinho e, por isso, o papel dos nossos parlamentos é decisivo.
DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO
Sobre a importância do Fórum, o deputado federal Daniel Almeida (PCdoB-BA), presidente do Grupo Parlamentar Brasil-China na Câmara dos Deputados, destacou a importância do evento. “Os países do BRICS representam quase metade da população mundial e uma parcela significativa do PIB global. Este fórum discutirá a cooperação política, econômica, tecnológica e cultural entre as nações do Sul Global, em contraponto à hegemonia das potências ocidentais nos organismos multilaterais”, disse o parlamentar.

Instituído em 2015, o Fórum Parlamentar do BRICS é um espaço constituído para o diálogo entre os parlamentos dos países membros. A ampliação do grupo, que agora representa cerca de 48,5% da população mundial e 39% do PIB global, buscando promover uma governança global mais inclusiva e sustentável, fortalecendo os laços com as nações que compõem o bloco.
Um dos assuntos de destaque foi o multilateralismo e as possíveis estratégias para fortalecer o bloco diante das medidas protecionistas impostas pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.
Daniel Almeida afirmou que o papel do Congresso Nacional na diplomacia parlamentar deve ser a construção de uma ordem internacional mais equitativa e multipolar. “Estamos empenhados em discutir iniciativas que visam o desenvolvimento socioeconômico do país por meio de parcerias internacionais estratégicas. Posso destacar a criação da rota marítima direta entre a China e o Brasil, que vai encurtar o tempo de viagem e fomentar o comércio bilateral”, completou.
O deputado Daniel Almeida (PCdoB-BA) criticou a elevação da tarifa do aço, de 25% para 50%, pelos Estados Unidos. “Essas decisões dos Estados Unidos não podem prevalecer. Não interessam ao Brasil nem ao mundo, que está cada vez mais integrado”, disse em entrevista à Agência Câmara.
Daniel Almeida disse que a adoção de uma moeda própria pelos BRICS é “um passo fundamental”. “Quem disse que o dólar tem que ser referência para as transações comerciais multinacionais? Não tem que ser assim”, disse.
“Trump não foi eleito para ser o xerife do mundo […] Ele não pode impor a vontade dele às demais nações. Nem todos os países querem se submeter às decisões dele”, completou.
Daniel afirma que espera que os participantes do fórum cheguem a um consenso ao redigirem, nesta quinta-feira (05), uma declaração conjunta a ser levada à cúpula do BRICS, em julho, no Rio de Janeiro.
Em uma direção parecida declarou o coordenador do Fórum, deputado Fausto Pinato (PP-SP), que defendeu que as ameaças do governo Trump de taxar todos os países do BRICS, caso mantenha-se a proposta de uma nova moeda para o comércio entre os países do bloco no lugar do dólar, é uma tentativa de impor o medo o compõem.
“A questão da soberania nacional e chegou a hora de ver quem é patriota. Não podemos aceitar essa intransigência, essa irresponsabilidade do presidente Trump”, afirmou em entrevista na Câmara.
Defendeu que se trata de soberania nacional o Brasil enfrentar a discussão sobre ter uma moeda própria para transações entre integrantes do Brics.