12,4 milhões terão que refazer cadastro para auxílio; outros 26 milhões têm pedido negado

Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

Há mais de um mês do início do cadastramento para o auxílio emergencial, milhões de brasileiros ainda esperam pelo socorro para conseguirem sobreviver durante a crise do coronavírus.

Nesta semana, o governo confirmou que 12,4 milhões de pessoas não conseguiram concluir seu cadastro e terão que refazer o procedimento, enfrentando ainda diversos problemas de funcionamento no aplicativo da Caixa. Além desses, outros 26,1 milhões foram considerados inelegíveis.

Segundo o governo, há ainda 6 milhões de cadastros que não foram avaliados pela Dataprev, e, dos que foram aprovados e tiveram o recurso creditado em uma Poupança Digital da Caixa, 3,5 milhões não conseguiram sacar ou movimentar o dinheiro.

Essa é a triste realidade da mais importante questão econômica que precisa ser executada no momento pelo governo federal: fazer com que milhões de famílias consigam se alimentar e atender as mínimas condições de sobrevivência, para, inclusive, poderem cumprir a quarentena e evitar que uma tragédia maior ainda se abata sobre o nosso país, com a disseminação crescente do vírus.

As dificuldades impostas pelo governo para a liberação do recurso vão desde uma política de segurar os recursos e, assim, forçar os trabalhadores a saírem de casa e se exporem à Covi-19 em busca de sustendo, até a incompetência total.

Segundo reportagem divulgada pelo portal “IG”, uma falha no sistema que aprova os pedidos do auxílio afetou mais de 30 milhões de pessoas.

Segundo a reportagem, um funcionário da Caixa Econômica Federal (CEF) ouvido pelo portal que preferiu não se identificar, disse que “todos os cadastros feitos no dia 7 de abril deram ‘inconclusivos’ e o governo orientou que as pessoas os refizessem. As pessoas refizeram, mas eles continuam em análise. A impressão é que talvez um lote inteiro não tivesse sido processado. Algumas poucas foram aprovadas, mas estão ainda aguardando a liberação do valor”, disse.

Além das falhas técnicas, um simples erro no preenchimento dos dados, como o número do CEP incompleto, o CPF de um filho do requerente inexato, ou um erro de digitação no endereço, por exemplo, já impede a aprovação do cadastro.

A exigência do acesso à Internet e a aplicativo de celular, com mais uma infinidade de dados a serem preenchidos para se cadastrar ou se chegar ao código para movimentação do dinheiro creditado, é uma verdadeira aberração para atender a cidadãos que muitas vezes não têm nem água encanada em casa, nem comida, e nem sequer moram em um lugar que possa ser chamado de casa.

Diante das dificuldades, o que resta a milhões de pessoas que perderam sua fonte de renda é seguir nas filas em frente às agências da Caixa em busca de informações ou de alguma resolução para o seu problema.

Foi o caso de Claudia Brito, que conseguiu a liberação hoje, após mais de 20 dias tentando. Em depoimento ao HP, a orientadora socioeducativa, e mãe solteira de três filhos, contou que fez seu primeiro cadastro no aplicativo da Caixa no dia 9 de abril.

“Eu recebi a aprovação do benefício dez dias depois, no dia 19 de abril. O dinheiro estava na conta virtual, mas eu não conseguia concluir as perguntas que o aplicativo fazia, e o processo não avançava para ter a liberação do dinheiro. Fiquei todos os dias por horas conectadas no aplicativo. Cheguei a virar madrugadas tentando concluir e nada. Foram 21 dias nessa agonia, mesmo já estando aprovada”. “Hoje, mais de um mês depois de iniciar o meu processo, resolvi ir a uma agência da Caixa onde consegui o código que libera para o saque”, contou.

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