A Rússia vetou resolução apresentada pelos Estados Unidos no Conselho de Segurança da ONU com relação às acusações de que o governo da Síria teria realizado ataque químico na cidade de Douma e causado dezenas de mortes e ferimentos em centenas de civis do próprio país.
Segundo a delegação russa na ONU, o que os EUA queria é a chancela da ONU para, sob o pretexto de ‘resposta humanitária’ ao ataque químico ensaiado e executado pelos terroristas, conforme denunciam os governos da Rússia e da Síria, justificar uma agressão à Síria no momento em que os bandos bancados pelos EUA, amargando nova derrota, desta vez em Guta, batem em retirada.
A proposta de resolução norte-americana queria que a ONU fosse autorizada a compor uma comissão “independente” e que esta comissão pudesse divulgar conclusões a público a qualquer momento, sem nenhuma checagem por parte dos integrantes do CS da ONU.
Os aliados dos Estados Unidos no CS da ONU, por seu lado, se opuseram à resolução da Rússia, que também sugeria a formação de uma comissão de investigação, mas sob supervisão do próprio Conselho e que divulgasse os resultados, somente ao final das investigações, em sessão do Conselho de Segurança.
Os Estados Unidos negaram-se a formatar uma declaração conjunta que levasse em conta as preocupações russas e sírias com base no fato de que em momentos tensos anteriores, envolvendo países do Oriente Médio, a exemplo do que antecedeu ao ataque à Líbia, a ONU admitiu decisões parciais e em contrariedade à soberania deste país.
O representante da Rússia destacou: “Para que Estados Unidos quer uma comissão independente, se já chegou a conclusão unilateral de que a Síria perpetrou o ataque com armas químicas em Douma? ”
Em mais uma demonstração da inocuidade da velhaca proposta norte-americana (vetada pela Rússia), logo antes da reunião do CS da ONU foi informado pela organização da própria ONU para o controle de armas químicas, OPAC, que esta já atendeu ao convite do governo sírio e enviará uma missão da entidade para verificar as denúncias no local do suposto ataque químico.
Para corroborar o alerta russo, de que estão buscando pretexto para agredir, está o fato de que os Estados Unidos já posicionou o destroyer Donald Cook, com 60 mísseis Tomahawk a bordo e – de acordo com o portal Zero Hedge – iniciou o deslocamento de mais oito embarcações de guerra (seis destroyers, um porta-aviões e um cruzador) em direção à costa síria. Trump, que chamou o presidente da Síria de ‘animal’ diz que está em contato com “França e Inglaterra sobre a questão”.
Fica claro que a comissão pretendida pela representante norte-americana, Nikki Halley, seria para uma ‘investigação’ sob a mira dos Tomahawk. Na verdade, a busca da chancela da ONU para atacar a Síria.
Mostrando que já estava com a decisão tomada sobre agredir a Síria, Halley declarou: “A história vai gravar que, neste dia, a Rússia escolheu proteger um monstro [referindo-se ao presidente Bashar al Assad] sobre as vidas do povo sírio”.
Cinismo sem limites, pois as lágrimas de crocodilo com relação ao povo sírio já foram derramadas antes por representantes norte-americanos no que tange a diversos povos atacados pelas forças de intervenção imperiais, a exemplo dos coreanos, vietnamitas, líbios, palestinos, libaneses e iraquianos.
Como apontou o embaixador russo, Nebenzia, “EUA não busca investigar nada, está novamente tentando enganar a comunidade internacional e, de novo, dando mais um passo rumo ao confronto”.
NATHANIEL BRAIA