A Fundação para a Democracia Internacional e um grupo de prêmios Nobel da Paz condenou a precariedade das condições de trabalho e segurança na construção dos estádios do Catar – que receberá daqui a quatro anos a maior competição de futebol do mundo – e denunciou a ocorrência de milhares de acidentes fatais. A maior parte da mão de obra é escrava, migrantes vindos da Índia, do Nepal e de Bangladesh.
“Nossa fundação leva a notícia ante Sua Santidade, o Papa Francisco, porque já existe a confirmação de mais de 2.000 nepaleses mortos na construção dos estádios e nos centros de convenção do Catar”, declarou Guillermo Whpei, presidente da entidade, alertando para as condições subumanas existentes.
“Se se fizesse um minuto de silêncio por cada operário morto em acidentes durante a construção dos estádios para o Mundial do Catar de 2022, os primeiros 44 jogos da competição seriam jogados em total silêncio”, denunciou Christian Gabrielsen, líder do Sindicato de Trabalhadores da Construção Civil da Noruega.
As longas e extenuantes jornadas de 16 a 18 horas, realizadas sob um clima desértico de 40 a 50 graus, sem nenhuma folga por meses, são algumas das imposições da monarquia absolutista. A mesma prática de trabalho escravo também têm multiplicado os acidentes com lesões e mutilações. Para esconder as causas reais das mortes, o governo não fornece sequer os relatórios das autópsias.
Por conta do clima adverso, o próximo Mundial terá de ser disputado no inverno local, entre os meses de novembro e dezembro, já que as altíssimas temperaturas inviabilizariam a disputa no verão. Pela reduzida extensão territorial, um estádio está sendo erguido a cada 100 quilômetros.
“A mão de obra migrante é um dos maiores desafios que os sindicatos internacionais enfrentam nos dias de hoje. Infelizmente as histórias dos trabalhadores no Catar não são caso único. É o dia-a-dia de centenas de milhares de trabalhadores migrantes em todo o mundo”, acrescentou Gabrielsen.