Uma aliança de 20 Estados norte-americanos liderados pela Califórnia entrou com um recurso judicial contra a declaração nacional de emergência de Donald Trump, que lhe permite avançar na construção de um muro na fronteira com o México.
A iniciativa é considerada o primeiro passo para impedir que Washington use 1,6 bilhão de dólares de fundos federais para construir parte do muro, promessa de Trump durante as eleições. “O presidente Trump está roubando dinheiro de nossas comunidades e pondo-as em perigo por construir o muro”, assinalou o procurador-geral da Califórnia, Xavier Becerra, em coletiva de imprensa.
Os Estados pediram ao Tribunal do Distrito Norte – onde já há precedentes em deter decisões do presidente em temas de imigração – que emita de imediato uma ordem que impeça ao governo de usar a parcela orçamentária que o Congresso já destinou a outros fins.
Sem apoio, Trump encenou uma pequena mudança de postura em relação à questão do México e dos migrantes, porém ameaçou “aplicar uma sanção econômica” ao país vizinho pelas drogas que entram ao território estadunidense pela fronteira sul. “Estou avaliando aplicar uma sanção econômica pelos 500 bilhões de dólares em drogas ilegais que são enviadas e contrabandeadas desde o México através da fronteira sul”, declarou, jogando toda a culpa no país asteca pela tragédia que a produção e consumo de drogas provocam nos EUA.
O Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Delito (UNODC) divulgou relatório em que informa que a produção mundial de cocaína alcançou o nível mais alto jamais registrado, cerca de 1.410 toneladas, mas os preços dessa droga não baixaram por causa do aumento do consumo em seus mercados principais: Estados Unidos e Europa. Sobre isso Trump não tem nada a dizer.
Além da ilegalidade do desvio dos fundos, os Estados mostram que se o projeto do muro se realizar sob as indicações da proclamação de emergência nacional, as comunidades fronteiriças e o meio-ambiente serão prejudicados.
Na sua política de chantagem, Trump ameaçou ainda impor uma tarifa de 25% sobre os veículos que cheguem do México aos Estados Unidos, se o país não tomar medidas radicais contra os migrantes e o narcotráfico. 80% das exportações de automóveis fabricados no México, importante setor de sua produção manufatureira, tem como destino os Estados Unidos e Canadá.
“Se por alguma razão o México deixar de capturar e levar os ilegais de volta para o lugar de onde procedem, os Estados Unidos se verão obrigados a impor uma tarifa de 25% a todos os carros fabricados em México e enviados pela fronteira”, ameaçou.