O percentual de brasileiros com dívidas atingiu 66,5% em janeiro de 2021 – um aumento de 0,2% em relação ao mês anterior e de 1,2% na comparação com janeiro de 2020. “O auxílio emergencial ajudou a evitar o pior cenário”, aponta a Confederação Nacional do Comércio
O ano de 2021 começou com mais famílias endividadas que o ano anterior, apontam dados da Pesquisa Nacional de Endividamento e Inadimplência do Consumidor da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC), divulgada nesta quinta-feira (18). Em janeiro deste ano, o percentual de famílias que relataram ter dívidas (com cartão de crédito, cheque especial, entre outras) no país chegou a 66,5%, alta de 0,2 ponto percentual em relação a dezembro e de 1,2 ponto frente a janeiro de 2020.
A CNC divulgou ainda que o percentual de famílias com dívidas ou contas em atraso alcançou 24,8% em janeiro, uma redução ante os 25,2% que foram registrados em dezembro, e elevado diante dos 23,8% vistos em janeiro do ano anterior.
Já a parcela das famílias que declararam não ter condições de pagar suas contas ou dívidas em atraso – e que, portanto, permanecerão inadimplentes – foi de 10,9% do total dos pesquisados, uma redução frente aos 11,2% observados em dezembro, e acima dos 9,6% alcançados em janeiro do ano passado.
A proporção das famílias que se declararam muito endividadas, que estava em declínio até dezembro, por influência do auxílio emergencial dado aos trabalhadores que perderam renda na pandemia, registrou novo aumento em janeiro, chegando a 14,4% do total de famílias. “Temíamos uma escalada do número de inadimplentes no País. O auxílio emergencial ajudou a evitar o pior cenário, e a economia soube se reinventar na medida do possível”, avaliou o presidente da CNC, José Roberto Tadros.
O auxílio emergencial (de cinco parcelas de R$ 600 e quatro de R$ 300, a partir de setembro) foi cortada pelo governo no final de dezembro, com os argumentos de que a pandemia estava chegando ao seu final e que o governo tem “compromisso fiscal” – o que significa compromisso com o mercado financeiro, bancos e demais especuladores no país, que buscam elevar ainda mais seus lucros sobre o setor público, através dos juros da dívida.
Dentre os tipos de dívida apurados, o cartão de crédito continua sendo a principal modalidade de dívida das famílias brasileiras. Em janeiro, o cartão de crédito foi apontado por 80,5% do total de famílias, atingindo a máxima histórica da pesquisa. Em dezembro, o cartão foi apontado por 79,4% dos entrevistados. Em 2020, o percentual médio de famílias endividadas no cartão foi de 78%.
Outros principais motivos para as dívidas em janeiro deste ano foram: carnês (16,8%), financiamento de carro (9,9%) e crédito pessoal (8,4%).
Para a CNC, com o fim do auxílio e o atraso no calendário de vacinação, o crédito – com custos mais baixos e de longo prazo – será fundamental para recomposição da renda dos brasileiros. “O agravamento da pandemia e atrasos no calendário de vacinação da população em geral aumentaram as incertezas sobre o desempenho da atividade econômica no primeiro trimestre de 2021 e, consequentemente, quanto à retomada do mercado de trabalho”, destacou a entidade no relatório da pesquisa.
“Essa conjuntura faz o crédito ser ainda mais importante como ferramenta de recomposição da renda”. “É importante não somente seguir ampliando o acesso aos recursos com custos mais baixos, mas também alongar os prazos de pagamento das dívidas para manter a inadimplência sob controle”, defendeu a entidade no documento.