Vinte deputados britânicos assinaram, até 28 de abril, uma moção pedindo à ministra do Interior, Priti Patel, que rejeite a extradição do fundador do WikiLeaks, Julian Assange, para os Estados Unidos
O texto apresentado esta semana ao Parlamento por cinco legisladores e subscrito por outros 15 alerta para o absurdo que é condenar Assange a passar o resto de sua vida em uma prisão norte-americana por praticar jornalismo no Reino Unido e denunciado crimes de guerra de Washington.
Também destaca que seu trabalho incluiu além das denúncias de crimes de guerra, inúmeras violações de direitos humanos cometidos por militares dos EUA no Iraque e no Afeganistão e na prisão de Guantánamo, e que sua extradição teria um impacto “arrepiante” na liberdade de expressão.
Na semana passada, o Tribunal de Magistrados de Westminster remeteu a ordem de extradição à ministra, depois que o Supremo Tribunal de Londres aceitou um recurso contra um veredicto inicial contra o envio de Assange aos Estados Unidos por temor a que ele atentara contra sua vida.
Apesar de ser incomum uma corte superior derrubar uma sentença de tribunal inferior favorável ao réu em casos de extradição, foi exatamente o que a (in)justiça britânica fez, alegando que, posteriormente à decisão de primeira instância, os EUA haviam fornecido ‘novas garantias’.
O editor-chefe do WikiLeaks, Kristinn Hrafnsson, denunciou que, ao emitir a ordem de extradição no dia 20 último, o Tribunal de Westminster assinou “a sentença de morte de Assange”. A equipe de defesa do jornalista tem até 18 de maio para contestar a decisão.
A moção dos deputados se soma às realizadas por entidades de jornalistas do mundo inteiro, mais vários clubes PEN, a ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e outras organizações de defesa da liberdade de imprensa que se dirigiram à ministra Patel, exigindo que recuse a extradição do fundador do WikiLeak e que ele seja libertado de seu confinamento em uma prisão de segurança máxima em Londres desde abril de 2019.
O Departamento de Justiça dos EUA acusa Assange de violar a Lei de Espionagem ao obter e publicar documentos militares e diplomáticos secretos em 2010.
Se julgado e considerado culpado por um tribunal dos EUA, Assange pode ser condenado a 175 anos de prisão com base em 17 acusações contra ele.