
Até aqui são 228 jornalistas palestinos assassinados no exercício de sua profissão na Faixa de Gaza e Cisjordânia
Mais de duzentos jornais, entidades de imprensa e de defesa da atividade jornalística de mais de 80 países, aderiram ao comunicado conjunto da Repórteres Sem Fronteiras (RSF) e do Comitê de Proteção aos Jornalistas (CPJ), em carta aberta exigindo que “jornalistas estrangeiros tenham garantido o imediato, irrestrito e independente acesso à Faixa de Gaza e que seja garantida a completa proteção aos jornalistas palestinos, dos quais 228 já foram mortos pelo exército de Israel, nos últimos 20 meses”.
“Durante 20 meses, Israel tem recusado garantir aos jornalistas de fora de Gaza o acesso independente ao território palestino”, abre o chamado da imprensa mundial.
Enquanto isso, diz o manifesto, “os jornalistas locais, aqueles melhor posicionados para contar a verdade, enfrentam deslocamento forçado e fome. Até agora, 228 jornalistas foram mortos pelos militares israelenses. Muitos mais foram feridos, ou enfrentam constantes ameaças a suas vidas por exercerem o seu trabalho: testemunhar”.
“É um ataque direto à liberdade de imprensa e ao direito de informação”, prossegue a carta.
“Neste momento crucial, com a retomada da ação militar e os esforços para que o fluxo de ajuda humanitária entre em Gaza, é vital abrir as fronteiras para que os jornalistas internacionais sejam capazes de informar livremente e que Israel siga suas obrigações internacionais de proteção aos jornalistas enquanto profissionais civis”, segue o documento, que conclui com o chamado a “todos os líderes mundiais, governos e instituições internacionais a agirem imediatamente para garantir isso”.
DIRETOR DO JORNAL AL MAYADEEN É PRESO PELAS TROPAS FASCISTAS DE ISRAEL EM BELÉM
As forças de ocupação de Israel prenderam o diretor do jornal Al Mayadeen, Nasser Al-Lahham, em sua casa, na madrugada do dia 7, em Belém, na Palestina.
Testemunhas locais informaram ao jornal Al Jazeera que a prisão de Lahham foi feita em meio a atos de vandalismo. Os soldados adentraram sua casa e quebraram móveis e tomaram celulares de sua família.
O jornal Al Mayadeen obteve informações de que o serviço secreto interno de Israel (Shin Bet) foi o responsável pela prisão de Lahham, na Cisjordânia.
De acordo com as fontes, funcionários do Shin Bet atacaram o estúdio de transmissão que ficava em sua residência sequestrando aparelhos eletrônicos que serviam a seu trabalho jornalístico.
As forças da ocupação informam que o diretor do Al Mayadeen será levado ao tribunal de ocupação nesta quinta-feira. Ele pode ir a julgamento na Corte Militar da prisão Ofer. Caso seja condenado, estaremos diante da prisão de um dos jornalistas palestinos mais destacados.
A prisão de Lahham levou a meios políticos e de imprensa palestinos repudiarem a perseguição.
Entre os denunciantes, o ativista Sinan Shaqdeh declarou ao Al Mayadeen que “a prisão do jornalista Nasser al-Lahham tem várias implicações, sendo a mais notável a tentativa de silenciar a linha do jornal que prima por uma narrativa que desafia a versão da ocupação israelense acerca dos eventos que cercam o genocídio em curso em Gaza”.
A prisão do diretor do Al Mayadeen é parte de uma maior e sistemática campanha contra jornalistas e atividades de mídia na Palestina. No final de outubro de 2023, a casa de Lahham já havia sofrido uma invasão. Na oportunidade, foram agredidos sua esposa e filhos, com dois deles sendo detidos.
Enquanto isso, a correspondente da mesma rede, Hanaa Mahamid, informa que continua recebendo ameaças em meio à campanha para suprimir a cobertura independente do que acontece nos territórios palestinos ocupados.
Munther al-Hayek, porta-voz do partido palestino fundado por Arafat, o Fatah, declarou ao Al Mayadeen que a prisão de Nasser al-Lahham busca suprimir a liberdade de imprensa e intimidar os jornalistas. Al-Hayek acrescenta que “aquilo que Israel faz nos territórios palestinos acontece com a luz verde dos Estados Unidos”.
“A cobertura da imprensa mostrando ao mundo os massacres em Gaza incomoda o governo de Netanyahu, levando-o a recorrer a táticas de repressão e terror”, finaliza o dirigente do Fatah.
O ATAQUE A JORNALISTAS DA DEUTSCHE WELLE NA CISJORDÂNIA
A Associação dos Jornalistas Alemães denuncia ataque a jornalistas da Deutsche Welle (DW) na Cisjordânia, por um bando de colonos judeus. “É inaceitável que colonos radicais persigam profissionais de imprensa com impunidade. Isso não pode permanecer sem consequências”, afirmou o diretor da associação ,Mika Beuster, neste domingo (dia 5).
A declaração de Beuster aconteceu depois de um ataque sofrido por um correspondente da DW e um câmera por parte de colonos na aldeia de Sinjil.
Segundo divulga a DW, “os colonos atiraram pedras e correram atrás deles e atiraram pedras ao carro de reportagem que ficou seriamente danificado”.
Uma série de outros meios estavam presentes no momento do ataque ao pessoal da DW, incluindo AFP, New York Times e Washington Post, além de jornalistas palestinos. Os jornalistas atacados usavam colete de imprensa.
O diretor-geral do DW, Peter Limbourg, “condenou o ataque a nossos colegas que viajaram a Sinkill para cobrir um protesto contra a violência dos colonos”. “Estamos aliviados que eles não sofreram ferimentos por um ataque para o qual não há justificativa”, acrescentou.
“Nós exigimos veementemente que o governo de Israel garanta a segurança de todos os jornalistas na Cisjordânia. A liberdade de imprensa e, portanto, a segurança dos jornalistas é um pilar indispensável de qualquer democracia”, declarou o diretor do DW.
O embaixador da Alemanha em Israel, Steffen Seibert, também condenou a agressão, afirmando que “a liberdade de imprensa e segurança dos jornalistas devem ser garantidas”.
Os colonos constroem seus assentamentos sobre terras usurpadas aos palestinos na Cisjordânia e, cada vez, mais cometem atos de vandalismo contra os palestinos que residem na região. A ilegalidade dos assentamentos é determinada pelas resoluções da ONU e pelas Convenções de Genebra, que veem os assentamentos como crimes de guerra.