Mais de mil estudantes de 170 escolas da capital paulista se reuniram, nesta quinta-feira (10), no XXVI Congresso da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de São Paulo (UMES-SP), onde elegeram a nova diretoria e decidiram as bandeiras de luta da entidade para os próximos dois anos.
“Esse 26º Congresso da UMES é a síntese da grande gestão que nós realizamos nos últimos anos, nos mobilizamos contra a Reforma Trabalhista na grande greve geral em Brasília, contra a taxa de juros praticadas no país, contra a PEC 55, a vitória contra a Reforma da Previdência, além do crescimento do trabalho de base da UMES, os estudantes organizados aqui hoje são uma demonstração disso e nossos projetos culturais, os cine-clubes, a peça de teatro, nosso projeto de capoeira dentre tantos outros”, afirmou Caio Guilherme, que conduziu os trabalhos do Congresso e agora deixa a presidência da UMES.
Lucas Chen, estudante da ETEC Getúlio Vargas disse que a “necessidade da juventude, nesse momento, é que o governo pare de passar os recursos fruto do trabalho de todo povo brasileiro, inclusive da juventude, para os bancos via os juros estratosféricos da dívida pública. É inadmissível que na crise em que nós vivemos hoje os bancos lucrem bilhões enquanto a juventude está largada, sem investimentos em educação, ciência e tecnologia, saúde, habitação e transporte”.
“Nós debatemos aqui e definimos nossa posição de que todo político que roubou e ousou tirar o direito da juventude de se formar, precisa ir para trás das grades, para a cadeia. O que não precisamos nesse momento é de político corrupto, nós precisamos é de um projeto de nação e para isso nos comprometemos em realizar a maior manifestação pelo Dia do Estudante que esta entidade já viu”, afirmou Lucas Chen, que foi eleito presidente da entidade para os próximos dois anos.
REINVINDICAÇÃO
Pela primeira vez na história da entidade o governador do estado de São Paulo participou de um congresso secundarista. Marcio França (PSB), que assumiu o posto em abril, se propôs a dialogar com os estudantes, ouvir as pautas para a educação e da juventude. Ele foi recebido sob a palavra de ordem “Governador quero estudar, mas minha escola precisa melhorar!”.
França, disse ter profundo respeito pelos estudantes ali presentes e apresentou algumas propostas de seu governo. “Nós sabemos das dificuldades do estudante se manter na escola, ainda mais em tempos de crise, mas a formação é muito importante, o governo precisa ajudar a garantir a permanência do aluno na escola, e por isso me comprometo com vocês em enviar a Assembleia Legislativa o projeto que cria bolsa de estudos no valor de R$ 400,00, para 2000 estudantes de ETECs. Esse é um importante passo reivindicado por vocês e que estamos de acordo, é necessário”, afirmou o governador.
Marcio França reconheceu o sucateamento em que se encontram as escolas estaduais paulistas e pediu aos estudantes presentes no congresso que enviassem uma reivindicação de melhoria na estrutura, de cada uma das escolas presentes, que será resolvida o quanto antes pela sua gestão.
Os estudantes se organizaram e nos próximos dias ficou marcada a entrega dessas reivindicações pela UMES ao governador. “Vamos fiscalizar, promessa é dívida”, afirmou Lucas Chen.
Thais Jorge, então vice-presidente da UMES, apresentou ao governador as demandas prioritárias da juventude paulistana. “O papel do movimento estudantil sempre foi de reivindicar e de lutar por mais direitos, por isso trazemos nossa pauta e nossas propostas para melhorar a escola pública de São Paulo. Hoje em dia milhares de alunos são aprovados sem aprender o conteúdo básico de suas matérias, isso prejudica os alunos e retira a capacidade dos professores de cobrar e ensinar. Exigimos o fim da aprovação automática!”, ressaltou.
“É preciso combater as aulas vagas. Todos os dias faltam professores em nossas escolas. Muitas vezes os estudantes têm duas ou três aulas vagas por dia, isso sem contar quando passam meses sem o professor de alguma disciplina. Já passou da hora de resolvermos esse problema”, destacou Thais.
Para a UMES a educação, arte e esporte são as partes mais importantes da formação dos jovens. “Precisamos de uma escola que ofereça a seus alunos uma formação completa e variada, para garantir o futuro de nosso país e uma juventude consciente e engajada no esforço por um Brasil melhor”, disse.
“O Brasil precisa crescer cada vez mais para ser um país melhor. Para crescer mais precisamos preparar nossa juventude para ocupar espaços na indústria e nas áreas técnicas, que também é onde estão os melhores salários e empregos. No entanto, menos de 20% dos cursos ofertados pela rede estadual de ensino técnico são cursos ligados à indústria e a produção. Aumentar esse número é muito importante para o desenvolvimento do país”, enfatizou Thais ao governador.
MARIELLE
Na abertura do congresso esteve presente a Vereadora Sâmia Bonfim (PSOL) que parabenizou a organização do movimento estudantil secundarista da capital paulista que revogou o projeto de reorganização de Alckmin, que sucatearia ainda mais a educação pública paulista. Sâmia ainda resgatou a memória da vereadora Marielle Franco, assassinada no Rio de Janeiro, como uma das lutadoras pelas oportunidades para o povo se emancipar.
Os estudantes secundaristas exigiram a rápida apuração da execução de Marielle e do motorista Handerson e a punição dos culpados.
Durante o Congresso, os secundaristas manifestaram sua solidariedade com os camponeses de Curuguaty, presos políticos do desgoverno paraguaio. Eles se somam à campanha internacional pela libertação imediata dos quatro sem-terra condenados injustamente a até 35 anos de prisão. E ouviram a denúncia apresentada pelo jornalista Leonardo Severo, no livro “Curuguaty, o combate paraguaio por Terra, Justiça e Liberdade!”.
Também estiveram presentes no Congresso o diretor da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (UBES), Marcos Prestes; Karina Sampaio, da Confederação das Mulheres do Brasil (CMB); Alfredo Pereira, presidente do Congresso Nacional Afro-Brasileiro (CNAB); Valério Bemfica, presidente do Centro Popular de Cultura da UMES; Carlos Pereira da Central Geral dos Trabalhadores do Brasil (CGTB); Eliane Lopes , presidente da Federação das Mulheres Paulistas (FMP); Padre Bogaz da, Paróquia Nossa Senhora Acheropita, Professor Alexandre – Diretor da EE. Dom Pedro I, Pedro Campos Pereira, ex-presidente da UMES e presidente do PPL da cidade de São Paulo, Laís do Valle, presidente da União Paulista dos Estudantes Secundaristas (UPES) e Fabiano Pavio – coordenador do projeto Capoeira na UMES.
Durante a plenária final que elegeu a nova diretoria da entidade que será liderada por Lucas Chen, também foram aprovadas as bandeiras de luta para a próxima gestão:
- Fora Temer;
- Mais Educação Menos Juros;
- Revogação da Reforma Trabalhista e tudo de Ruim que foi aprovado;
- Contra a Reforma da Previdência;
- O Petróleo é nosso, contra os leilões;
- Pelo fim do Foro privilegiado – Cadeia para os Corruptos;
- Contra a Privatização da Eletrobrás;
- Pela revogação da Reforma do Ensino Médio;
- Fim da Aprovação Automática;
- Mais estrutura nas escolas: Ensino Integral, Contra Aula vaga, Passe Livre para estagiário;
- 11 de Agosto “Em defesa da Educação e do Brasil”;
- Capoeira nas escolas;
- Criação do Parque do Bixiga;
- Em defesa da cultura nacional, contra os monopólios da cultura enlatada.
MAÍRA CAMPOS