O resultado, divulgado na sexta-feira, do Produto Interno Bruto (PIB) no segundo trimestre do ano – 0,2%, na comparação com o trimestre anterior – mostra aonde nos levou a política de Dilma e Temer (ou Levy e Meirelles): na melhor das hipóteses (e haja melhor nisso) ao zero, pois a diferença prática entre 0,2% e 0% é, outra vez, zero.
Na verdade, é pior que isso, pois a indústria de transformação caiu (-0,8%), a indústria em geral – isto é, incluídas as indústrias extrativas – também caiu (-0,6%) e o investimento (formação bruta de capital fixo – FBCF) caiu nada menos que -1,8% em apenas um trimestre.
Enquanto isso, o consumo das famílias também variou em zero (ou, se adotarmos um rigor que, nesse caso, só ajuda a esconder o desastre, 0,1%).
Enquanto a indústria caiu -0,6%, a agropecuária cresceu (?) zero e os serviços, 0,3%.
Dos 47 países que já divulgaram o resultado do PIB do segundo trimestre de 2018, o da economia do Brasil é o mais baixo.
Depois de meses de conversa fiada sobre uma suposta “recuperação econômica”, é a isso que chegamos: o pântano permanente, enquanto essa política existir, com depósitos de areia movediça, onde se afundam setores inteiros da economia, sobretudo a indústria.
E não adianta dizer – como disseram alguns porta-vozes do rentismo, ou seja, alguns “comentaristas econômicos” – que a culpa é da greve dos caminhoneiros.
Não somente porque a própria greve dos caminhoneiros foi causada pela crise e pela política do governo.
Além disso, os resultados do PIB, nos quatro trimestres anteriores (em relação ao trimestre imediatamente passado), foram os seguintes:
Segundo trimestre de 2017: 0,4%;
Terceiro trimestre de 2017: 0,6%;
Quarto trimestre de 2017: 0,0%;
Primeiro trimestre de 2018: 0,1%.
Portanto, o resultado dos quatro trimestres anteriores, em que não houve qualquer greve dos caminhoneiros, foi tão zerado quando o do atual trimestre.
O PIB atual, em preços constantes (ou seja, descontada a inflação), é inferior ao de sete anos atrás, no segundo trimestre de 2011 (cf. IBGE, Contas Nacionais Trimestrais, 2º tri/2018, p. 32).
Enquanto isso, de dentro do país, foram enviados para o exterior, no mesmo período, US$ 40 bilhões, 881 milhões, 955 mil e 565.
Nosso problema não é falta de dinheiro ou de recursos.
Aliás, somente como “renda de investimentos” (sobretudo lucros e dividendos oficialmente declarados), desde janeiro de 2015, foram enviados para fora do país US$ 148 bilhões e 904 milhões.
O que é muito mais do que o serviço da dívida na época da ditadura (US$ 12 bilhões anuais), que estrangulava o país e levou de roldão, por suas consequências políticas, o regime instalado em 1964.
Com o consumo – isto é, o salário real – asfixiado, não se pode esperar outra coisa senão o que os números do IBGE revelaram na sexta-feira, ou coisa pior.
Qual o empresário que fará investimentos em sua empresa, sabendo que não existem consumidores para os produtos de sua fábrica?
Por fim, Dilma e Temer reduziram o investimento público à uma dimensão microbiana. Todo o investimento público federal realmente liberado, do Orçamento de 2017, foi menos que R$ 18,5 bilhões: R$ 18.427.763.874.
Enquanto isso, o governo federal repassou em juros, aos rentistas, no mesmo período, R$ 386,177 bilhões (o conjunto do setor público repassou R$ 400,826 bilhões).
C.L.