
Entre os atores que assinam o manifesto estão os destacados Susan Sarandon, Mark Rufalo, Javier Barden e Gael Garcia Bernal. Dos artistas brasileiros, destacamos o diretor Fernando Meirelles
Mais de 3.900 profissionais de cinema, incluindo atores, diretores e técnicos de renome internacional, muitos deles condecorados com prêmios Oscar, BAFTA, Emmy, Veneza e Cannes, aderiram a um boicote às instituições cinematográficas israelenses, que se traduz em rejeitar qualquer colaboração com entidades implicadas no genocídio e no apartheid contra o povo palestino.
A decisão assinada por personalidades como Javier Bardem, Gael García Bernal, Ayo Edebiri, Tilda Swinton, Yorgos Lanthimos, Susan Sarandon, Mark Ruffalo, Olivia Colman, entre otros, foi oficializada numa carta aberta publicada no jornal britânico The Guardian. “Neste momento urgente de crise, em que muitos dos nossos governos estão permitindo a carnificina em Gaza, devemos fazer todo o possível para confrontar a cumplicidade neste horror implacável”, expressou o coletivo.
O boicote a Israel é inspirado pelo movimento Cineastas Unidos Contra o Apartheid (‘Filmmakers United Against Apartheid’), fundado em 1987 por Jonathan Demme e Martin Scorsese, que se recusou a exibir filmes na África do Sul durante o apartheid.
Os signatários se comprometeram a “não exibir filmes, participar ou trabalhar de qualquer forma com instituições cinematográficas israelenses — incluindo festivais, cinemas, emissoras e produtoras — que estejam implicadas no genocídio e no apartheid contra o povo palestino”.
ARTISTAS LATINO-AMERICANOS SE SOMAM AO BOICOTE
Entre os participantes também estão diversos artistas latino-americanos. O diretor brasileiro Fernando Meirelles, os atores argentinos Cecilia Roth, Nahuel Perez Biscayart e Mercedes Morán integram a lista.
Da mesma forma, em mais uma declaração publicada pelo jornal britânico The Guardian, o roteirista David Farr observou que: “Como descendente de sobreviventes do Holocausto, estou consternado e indignado com as ações do Estado israelense, que por décadas impôs um sistema de apartheid ao povo palestino, cujas terras tomaram, e que agora perpetua o genocídio e a limpeza étnica em Gaza”.
“Neste contexto, não posso apoiar a publicação ou apresentação do meu trabalho em Israel. O boicote cultural foi significativo na África do Sul. Será significativo desta vez e, na minha opinião, apoiado por todos os artistas conscientes”, enfatizou.
Este movimento se soma a uma onda crescente de protestos na indústria cinematográfica global, incluindo cartas abertas e moções de sindicatos como o norte-americano SAG-AFTRA, o britânico Equity UK e o Sindicato dos Atores Noruegueses.
No começo do último verão, centenas de atores e cineastas — entre eles, Pedro Pascal, Ralph Fiennes e Guillermo del Toro — firmaram também uma carta aberta denunciando o que descreviam como o silêncio da indústria cinematográfica diante da mortal operação militar israelense em Gaza.
Da mesma forma, mais de 65 cineastas palestinos assinaram uma carta acusando Hollywood de “desumanizar” os palestinos nas telas por décadas. Nesse sentido, o documentário “A Voz de Hind Rajab” foi um dos filmes mais aclamados do último Festival de Cinema de Veneza. O filme se concentra em uma menina de cinco anos morta pelas forças israelenses em Gaza no ano passado.
Veja matéria no jornal Hora do Povo: