
Os mais de 300 signatários estão em artigo publicado pelo diário Libération e incluem dois Prêmios Nobel de Literatura
Os escritores acusam Israel de “assassinar palestinos implacavelmente, às dezenas, todos os dias”. Entre eles, nossos colegas: os escritores de Gaza”. Entre os que assinam o documento, os vencedores do Prêmio Nobel de Literatura Annie Ernaux e Jean-Marie Gustave Le Clézio.
Os intelectuais exigiram “um cessar-fogo imediato” na Faixa de Gaza e sanções contra o regime israelense, cujos ataques mataram mais de 54.000 palestinos em 20 meses.
Em um apelo à comunidade internacional, eles pediram que se definisse o que está acontecendo na Faixa de Gaza como “genocídio”. “Não podemos mais nos contentar com a palavra ‘horror’ (…) Hoje precisamos nomear o ‘genocídio’ em Gaza”, afirmaram.
Eles também pediram a imposição de “sanções” contra Israel, de forma a pressionar por “um cessar-fogo imediato que garanta segurança e justiça aos palestinos”, a libertação de prisioneiros “detidos arbitrariamente em prisões israelenses” e o fim “deste genocídio sem demora”.
“Quando Israel não os mata, ele os mutila, os desloca e os deixa deliberadamente famintos”, frisaram, denunciando todos os tipos de assédio infligidos pelas forças israelenses contra os palestinos, apontando ao bloqueio que o governo ocupante de Netanyahu impôs à entrada de ajuda humanitária na Faixa desde 2 de março.

ISRAEL DESTRÓI O PATRIMÔNIO CULTURAL PALESTINO
O artigo do Libération também criticou os ataques sionistas ao patrimônio cultural palestino. “Israel destruiu locais de escrita e leitura: bibliotecas, universidades, casas, parques”, criticaram.
Na carta destacam a exigência da “libertação dos reféns, a libertação de milhares de prisioneiros palestinos detidos arbitrariamente em prisões israelenses, e que se ponha fim, sem demora, a este genocídio”.
Entre os signatários estão vencedores recentes do Prêmio Goncourt, como Herve Le Tellier, Jerome Ferrari, Laurent Gaude, Brigitte Giraud, Leila Slimani, Lydie Salvayre, Mohamed Mbougar Sarr, Nicolas Mathieu e Eric Vuillard.
CENÁRIO HUMANITÁRIO E DE SAÚDE É CATASTRÓFICO
Fontes médicas indicaram que, após 600 dias de genocídio perpetrado pelas forças de ocupação israelenses contra o povo na Faixa de Gaza, sinais catastróficos estão atingindo o cenário humanitário e de saúde da região.
As fontes indicaram que 22 dos 38 hospitais estão fora de serviço e 47% da lista de medicamentos essenciais não existem. Apenas 30 dos 105 centros de atenção primária estão atualmente operacionais, enquanto a taxa de ocupação de leitos ultrapassa 106%, e 50 das 104 salas de cirurgia estão atualmente operando em condições catastróficas.
O Escritório das Nações Unidas para a Coordenação de Assuntos Humanitários (OCHA) descreveu na quarta-feira (28) a Faixa de Gaza como “o lugar mais faminto do planeta”, enfatizando que a ONU “pode enviar ajuda imediatamente”.
“Neste momento, quase 180.000 plataformas de alimentos e outros itens de ajuda vital estão prontos para entrar em Gaza, o lugar mais faminto do planeta”, disse Jens Laerke, porta-voz do OCHA, à ONU News.
Ele acrescentou que os suprimentos já foram pagos pelos doadores do mundo, ressaltando que “estão liberados pela alfândega, aprovados e prontos para serem transportados”, impedidos de entrar pela política criminosa de Tel Aviv.
“Podemos enviar ajuda imediatamente, em grande escala e pelo tempo que for necessário”, disse ele, observando que o tempo está se esgotando muito rapidamente e vidas estão sendo perdidas a cada hora na Faixa de Gaza.
Ele afirmou que a ONU tem um plano bem-sucedido, como ficou evidente durante o cessar-fogo, quando dezenas de milhares de caminhões entraram na Faixa e entregaram ajuda a todas as pessoas.
Ao deliberadamente deixar a população faminta, abrindo caminho para o deslocamento forçado, de acordo com as Nações Unidas, Israel empurrou 2,4 milhões de palestinos à beira da fome ao fechar as travessias da Faixa de Gaza para ajuda humanitária, especialmente alimentos, desde 2 de março.