“Viva México!”, foi o grito que ressoou no Congresso Geral ao final do pronunciamento de Andrés Manuel Lopez Obrador (que é conhecido também, no México como AMLO) ao tomar posse no cargo de presidente do país.
Do lado de fora, uma multidão acompanhou a posse do candidato da coalizão Morena (Movimento de Renovação Nacional) que da tribuna prestou juramento no dia 1º de dezembro, comprometendo-se com as bandeiras que o levaram à vitória: a retomada do crescimento com soberania sobre as riquezas nacionais, incluindo o fortalecimento da estatal Petróleos Mexicanos (Pemex), e a luta contra a corrupção.
À saída do Congresso dirigiu-se ao povo que o saudava no Zócalo, a principal praça da capital mexicana.
Depois de afirmar que trabalhará valorizando a democracia, pediu que o afastem caso não consiga cumprir com os compromissos de campanha, já na praça, pediu ao povo: “Não me deixem só, sem vocês não valho nada ou quase nada”.
Pediu também paciência ao povo, pois “estão nos entregando um país quebrado, sobretudo nas indústrias petroleira e elétrica”.
Ele voltou a expor seu plano econômico de cem pontos que compreendem as áreas econômica, social e de segurança do país.
Entre as prioridades está a de impulsionar a educação, a ciência e a tecnologia nacional, ampliando vertiginosamente os investimentos. Conforme Obrador, já no próximo ano “estarão funcionando 100 universidades públicas com carreiras de acordo a cada região do país, para atender com educação de qualidade e gratuita, além de financiar a 64 mil vagas particulares no ensino superior”.
Além disso, “se promoverá a investigação científica e tecnológica; se apoiará aos estudantes secundaristas e acadêmicos com bolsas e outros estímulos em favor do conhecimento”, “com a participação de universidades, comunidades, cientistas e empresas”. Mais, será “cancelada a chamada Reforma Educativa, se estabelecerá no artigo 3º da Constituição o direito à educação gratuita em todos os níveis de escolaridade e o governo nunca mais ofenderá aos professores”.
“Hoje começa o plano para apoiar os danificados de terremotos com trabalho, moradia e serviços públicos. Isso inclui um programa de construção e reconstrução de escolas, centros de saúde, edifícios públicos e templos que foram parte do patrimônio cultural do país”.
“O direito à saúde se fará realidade. O propósito é garantir aos mexicanos atenção médica e medicamentos gratuitos; começaremos nas unidades médicas de Seguro Social situadas nas zonas mais pobres do país e pouco a pouco se irá ampliando o programa”.
“Dois milhões e 300 mil jovens desempregados serão contratados para trabalhar como aprendizes em atividades produtivas no campo e na cidade”, “os pequenos produtores e pequenos proprietários rurais receberão um apoio econômico semestral para a plantação de alimentos”
“Vamos destinar mais investimentos públicos para produzir com urgência mais petróleo, gás e energia elétrica e assim enfrentar a crise que deixaram os políticos neoliberais e os responsáveis da chamada reforma energética. Convoco aos técnicos e operários petroleiros, na ativa ou aposentados, a atuarem com patriotismo como se fez nos tempos do general Lázaro Cárdenas, e a que voltemos a resgatar a indústria petroleira nacional. Serão reabilitadas as seis refinarias existentes e se iniciará, em poucos dias, a construção de uma nova refinaria em Dos Bocas, Paraíso e Tabasco, para conseguir que em três anos o México produza toda a gasolina que consumimos”.
O presidente eleito afirmou ainda que já no primeiro dia irá “anistiar os presos políticos ou vítimas de represálias de caciques, funcionários ou governantes do antigo regime autoritário e serão canceladas acusações penais contra ativistas e lutadores sociais”.
Aclamado por uma multidão emocionada, conscientes de que o país foi rapinado por décadas, reafirmou seu compromisso com o povo e o país: “Prefiro morrer a traí-los”.
A seguir, AMLO, destacou que, apesar das evidentes dificuldades, “não é momento para dramatismos” e, prosseguiu: “Atuemos com otimismo e alegria porque temos a bendição enorme de viver tempos interessantes. Um momento estelar da nossa história porque em meio a todos começamos a construir a justiça, a felicidade que o nosso povo merece e uma nova vida”.
Obrador dirigiu-se aos índios “aos quais dirijo meus principais compromissos, porque é uma ignomínia, uma vergonha, que vivam desde há séculos sob a opressão e o racismo e com a pobreza e a marginalização sobre suas costas”.
E resumiu o rumo que tomarão os seus esforços: “A atenção do governo será dada a todos mexicanos sem distinção de nenhum tipo, mas se aplicará o princípio de: pelo bem de todos, primeiro os pobres”.