Segundo Heleno, a prisão na Espanha de um sargento da escolta de Bolsonaro com 39 quilos da droga “foi uma falta de sorte”
Parlamentares querem convocar o ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional da Presidência, Augusto Heleno, para prestar explicações no Congresso Nacional sobre a prisão de um militar que carregava 39 quilos de cocaína em uma aeronave da Força Aérea Brasileira (FAB).
Membro da equipe de escolta de Jair Bolsonaro, que está em viagem ao Japão onde participa da reunião do G-20, o segundo-sargento Manoel Silva Rodrigues foi preso na terça-feira (25) no Aeroporto de Sevilha, na Espanha, com a cocaína em sua bagagem de mão. A cocaína estava dividida em 37 pacotes de mais de um quilo cada um.
O sargento viria no avião de Bolsonaro na volta ao Brasil.
Augusto Heleno classificou o episódio da prisão do militar da Aeronáutica como uma “falta de sorte”. “Podia não ter acontecido, né? Foi uma falta de sorte acontecer exatamente na hora de um evento mundial e acaba tendo uma repercussão mundial que poderia não ter tido. Foi um fato muito desagradável”, afirmou o ministro, ao comentar o caso em Osaka, no Japão, onde acompanha Bolsonaro para a reunião das 20 maiores economias do mundo.
Augusto Heleno atribuiu o caso a uma falha da Aeronáutica que “não tem efetivo para manter todo o tempo um esquema de vigilância”. Segundo ele, “esse sargento era da comissaria. Ele chega muito antes”.
Ele ainda tentou minimizar a gravidade do episódio, que envolve a imagem do Brasil no exterior. “Se mudar a imagem do Brasil por causa disso, realmente, só se a gente não estivesse sabendo da quantidade de tráfico de droga que tem no mundo”, afirmou o general.
A oitiva do ministro está sendo sugerida por parlamentares de diferentes partidos. Na quarta-feira (26), a deputada Perpétua Almeida (PCdoB-AC) ingressou com um requerimento de convocação do ministro nas comissões de Relações Exteriores e a de Segurança Pública da Câmara. Ela informou que o conteúdo do documento é de convocação e, não de convite, por causa da gravidade do caso.
“Isso é uma coisa estrondosa. É tráfico internacional e o presidente Bolsonaro e seus ministros precisam explicar”, justificou a deputada.
Para o líder da bancada do partido, Daniel Almeida (BA), o escândalo é vergonhoso. “Depois de ser identificado no núcleo familiar relações com as milícias do Rio de janeiro, agora esse episódio trágico, vergonhoso, que faz um ataque a imagem da Presidência da República e da própria Força Aérea Brasileira”, disse.
“É gravíssimo o caso da cocaína no avião da comitiva. Estou protocolando pedido de informações sobre o caso ao ministro do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno”, reforçou o deputado Márcio Jerry (PCdoB-MA).
Os senadores Randolfe Rodrigues (Rede-AP) e Weverton (PDT-MA) também apresentaram um requerimento para cobrar explicações do governo. O texto foi apresentado durante a sessão da quarta na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). “Acredito que sua excelência (o general Heleno) tem alguns esclarecimentos a prestar sobre esse gravíssimo evento que envolve uma aeronave que estava a serviço da presidência”, destacou Randolfe.
Segundo a assessoria da presidente da CCJ do Senado, Simone Tebet (MDB-MS), o requerimento protocolado deve ser apresentado para apreciação da comissão na próxima semana.
Relacionada: