A mais recente pesquisa sobre inadimplência realizada pela Confederação Nacional dos Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo SPC-Brasil revela que 63,4 milhões de pessoas estão com as contas em atraso, o que representa 41% da população adulta brasileira. Esse número, que contraria a propaganda de recuperação econômica de Temer, cresceu 4,3% em julho na comparação com o mesmo período do ano passado, mostrando que as condições econômicas da população piora na medida que o país permanece no limbo da recessão iniciada durante o governo Dilma.
A pesquisa leva em consideração o número de pessoas que, com as contas em atraso, estão com os CPF (Cadastro de Pessoa Física) negativados pelos serviços de proteção ao crédito. O dado mais expressivo da pesquisa é que o crescimento de inadimplência se deve pelo atraso no pagamento de contas de serviços básicos, como energia elétrica e água, cuja alta registrada foi de 7,66% sobre julho do ano passado. Em segundo lugar, estão as dívidas com as instituições bancárias, com crescimento de 6,9% no mesmo período.
“O desemprego elevado e a renda achatada dos brasileiros seguem contribuindo para esse avanço no quadro de inadimplência”, avaliou o presidente da CNDL, José Cesar da Costa.
Mais da metade dos inadimplentes (32 milhões de pessoas) tem faixa etária entre 30 e 49 anos, segundo o levantamento das entidades. Isso significa que são mães e pais de família que, devido ao desemprego crescente e ao achatamento da renda, se veem na condição de devedores correndo o risco de terem esses serviços essenciais suspensos. A população jovem, entre 25 e 29 anos, também tem destaque no volume de inadimplentes, representando 46% do total ou 8 milhões de pessoas. Essa é a faixa etária mais afetada pelo desemprego, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Além de ter o maior crescimento no volume de inadimplentes (+10,9% sobre julho do ano passado), a região Sudeste – apesar de concentrar o maior grau de desenvolvimento econômico do país – também concentra a maior parcela de negativados do país: 27 milhões de pessoas. A região Nordeste vem em seguida, com crescimento de 4,7% do número de negativados de um ano para o outro.