Apesar das pressões dos Estados Unidos e da União Europeia, foi um fiasco a videoconferência do presidente ucraniano Volodymyr Zelensky com os países da União Africana, destinada a destilar russofobia e apego à Otan, com a presença de apenas 4 representantes dos 55 países africanos.
O boicote aconteceu na segunda-feira (20), sendo que o regime de Kiev vinha tentando realizá-la desde abril segundo o jornal francês Le Monde, mas até agora os países africanos vinham barrigando o incômodo e nada bem-vindo encontro.
O portal The África Report identificou os líderes presentes: Alassane Ouattara, presidente da Costa do Marfim; e Denis Sassou Nguesso, presidente do Congo, além de Mohamed al-Menfi, chefe do Conselho Presidencial da Líbia, que não chega a ser uma representação nacional, mas de parte do país dividido desde a agressão ao país por Washington.
O presidente do Senegal – e da União Africana -, Macky Sall, que no início do mês foi a Moscou se reunir com o presidente russo Vladimir Putin, estava presente, como se diz, por ossos do ofício. Assim como o atual presidente da Comissão da UA e ex-primeiro-ministro do Chade, Moussa Faki Mahamat.
Ao visitar Moscou, acompanhado de Mahamat, o presidente Sall havia assinalado suas “grandes esperanças na cooperação bilateral entre a Rússia e o continente africano” e rechaçado as sanções aos grãos e fertilizantes russos.
Quase todos os países africanos se recusam a aplicar as sanções contra a Rússia decretadas por Washington e Bruxelas, recusa também vista quando os países ocidentais puseram em votação na ONU condenação da Rússia pelo conflito na Ucrânia.
Em março, o ex-presidente do Benin, Lionel Zinsou, expressou cristalinamente como os africanos se sentem sobre tais pressões contra a Rússia.
“Agora todos nós só ouvimos falar desta crise, sanções anti-Rússia, petróleo, gás… Você entende o que esta crise significa, por exemplo, para a África? A Rússia nos fornece grãos e milho. Toda a logística passa pelo Mar Negro. E o mundo africano congelou de horror com o que estava acontecendo. Aterrorizado com as ações dos EUA e da União Européia”, afirmou.
“Você não compra africanos com histórias sobre democracia. Estes são apenas seus contos de fadas para consumo interno. A maioria da elite africana foi formada na União Soviética – médicos, engenheiros, pilotos, professores, cientistas. Os russos foram os únicos europeus que descolonizaram a África. E a África se lembra disso. Assim como a África se lembra das atrocidades europeias”, acrescentou Zinsou.
“Se você notar, os países africanos não apoiaram a resolução da ONU condenando a Rússia. E eles nunca apoiarão nenhuma resolução contra a Rússia. Isso está embutido na espinha dorsal de todo africano: a Rússia é boa, não importa o que você pense sobre isso”, destacou ainda o ex-presidente.