Para maioria dos brasileiros, gesto do ex-presidente foi deliberado; somente 33% atribuem o episódio a um surto emocional. Dados aprofundam desgaste político e judicial do fascista
Levantamento do instituto Datafolha revela que 54% dos brasileiros acreditam que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) danificou a tornozeleira eletrônica com o objetivo de fugir do monitoramento judicial.
O equipamento foi instalado por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal) no âmbito das investigações sobre tentativa de golpe de Estado após as eleições de 2022.
A pesquisa indica ainda que 33% veem o episódio como resultado de surto emocional, enquanto parcela menor, 9%, afirma não saber ou não opinar. O resultado reforça a percepção de que a crise política e jurídica do ex-presidente tem se aprofundado.
DESGASTE CRESCENTE
A leitura majoritária de que houve intenção de fuga coloca o ex-presidente em posição ainda mais delicada.
O Datafolha mostra que mesmo entre parte do eleitorado que o apoiou, há dúvidas sobre a estabilidade emocional dele e ainda sobre a natureza dos atos que o levaram ao centro da crise institucional.
Analistas ouvidos por veículos de imprensa avaliam que o episódio, somado às sucessivas derrotas judiciais e à perda de espaço político, acelera o processo de erosão da imagem de Bolsonaro.
IMPACTO NAS INVESTIGAÇÕES
No Congresso, o gesto foi classificado por parlamentares de diferentes partidos como “grave” e “indicativo de descontrole”.
Especialistas em direito penal ressaltam que danificar ou tentar burlar monitoramento eletrônico pode caracterizar descumprimento de medida cautelar, o que abriu margem para agravamento de restrições e até decreto de prisão preventiva.
Integrantes da Polícia Federal afirmam que o dano ao equipamento foi constatado tecnicamente, embora Bolsonaro alegue ter ocorrido de forma acidental. A PF enviou relatório ao STF.
O QUE DIZ BOLSONARO
O ex-presidente nega a intenção de fuga e insiste na versão de que o dano teria sido causado por “movimento involuntário”. Talvez um tique nervoso.
Auxiliares próximos, porém, admitem reservadamente que o episódio ampliou a tensão dentro do núcleo bolsonarista, que teme efeitos políticos e jurídicos mais severos.
QUADRO GERAL DE DESCONFIANÇA
O resultado do Datafolha consolida cenário de baixa confiança pública nos gestos e justificativas do ex-presidente.
A percepção de intenção deliberada — majoritária entre homens, mulheres, jovens e idosos — indica que Bolsonaro perdeu a capacidade de controlar a narrativa, mesmo entre segmentos que tradicionalmente o apoiam.
Para analistas, a tendência é que episódios como esse apressem o isolamento político do ex-presidente e aumentem a pressão sobre os aliados, muitos deles já investigados ou condenados pela trama golpista.
