6 milhões buscam trabalho há mais de um ano

Milhares de pessoas fazem fila em busca de emprego em Carapicuíba, em 17 de agosto. Reprodução TV Globo

Parcela de desempregados de longa duração passou de 30,6% no início da pandemia para 41,2%

Enquanto o desemprego atinge níveis históricos, também cresce a parcela de brasileiros que procuram trabalho por longos períodos sem encontrar. São 6 milhões de pessoas que buscam por emprego há mais de um ano. Do total, 3,8 milhões procuram por trabalho há mais de dois anos e não encontram. Chamado de desemprego de longa duração, a proporção dos que não conseguem ocupação há mais de dois anos subiu 23,9% no primeiro trimestre de 2020 para 26,1% no mesmo período desse ano. No grupo dos desempregados, entre 1 a 2 anos, a proporção subiu de 6,7% para 15,1%.

Os dados foram levantados pela consultoria IDados, com base na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. De acordo com o IBGE, eram 14,4 milhões de desocupados no país no segundo trimestre desse ano, sendo que 41,2% desses procuram trabalho há mais de um ou dois anos. No início de 2020, eram 30,6% do total dos trabalhadores sem ocupação no país.

Com a crise econômica agravada pela pandemia o desemprego atingiu recorde. A retomada lenta das atividades econômicas, por conta do boicote de Bolsonaro à vacinação, contribuiu não só para que o número de desempregado crescesse, como desorganizou toda a economia. dificultando a recolocação de trabalhadores no mercado de trabalho.

“O que se vê é um aumento da parcela dos que estão desempregados há muito tempo. E quanto mais tempo no desemprego, é mais tempo sem renda e mais prejuízos para a família. Além disso, fica cada vez mais difícil voltar ao mercado”, afirmou o professor Bruno Otoni, da Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj) e pesquisador da IDados, à reportagem do Valor Econômico.

Situação que é agravada com a explosão da carestia nos preços dos alimentos, da conta de luz, no gás de cozinha, que tem levado milhões de brasileiros para miséria.

O desemprego de longa duração também contribui para o aumento dos trabalhadores que, para conseguir alguma renda, passam para a informalidade, sem qualquer direito trabalhista e com salários ainda mais baixos. Ou ainda se virando por conta própria, realizando os chamados “bicos”. Ainda segundo a Pnad, a taxa de informalidade no Brasil foi de 40,6% da população ocupada no segundo trimestre de 2021, o que representa 34,7 milhões de pessoas. Outros 25 milhões se viram por conta própria.

“É o fenômeno da ‘viração’, o sujeito se vira porque precisa de renda. Faz trabalho de pintor de manhã e de segurança à noite, por exemplo. Historicamente, há no país uma estratégia de sobrevivência, que se exacerba com o avanço dessa parcela de desempregados há mais tempo”, pontua o pesquisador do Centro de Estudos Sindicais e de Economia do Trabalho (Cesit), Denis Maracci Gimenez.

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