
Levantamento divulgado, nesta quinta (31), mostra que 60% das menções ao assunto nas redes sociais contiveram críticas a Donald Trump dos EUA. E 28%, bolsonaristas, são favoráveis à sanção
Levantamento divulgado pela Quaest, nesta quinta-feira (31), sobre como as pessoas reagiram à sanção contra o ministro Alexandre de Moraes, do STF (supremo Tribunal Federal), por meio da chamada Lei Magnitsky, imposta pelos Estados Unidos, mostrou que 60% dos usuários das redes digitais reprovaram a medida.
Na última quarta-feira (30), o governo de Donald Trump decidiu incluir o ministro Alexandre de Moraes na lista de pessoas com quem empresas americanas não podem ter vínculo, sob pena de sofrerem multas milionárias.
O fato controverso disso é que a “Global Magnitsky Human Rights Accountability Act” — Lei Global Magnitsky de Responsabilização por Violações de Direitos Humanos —, permite ao governo dos EUA sancionar funcionários de governos estrangeiros implicados em abusos de direitos humanos em qualquer parte do mundo.
Moraes não é funcionário do governo brasileiro. Ele é ministro da Supremo Tribunal Federal. E, pelo que se sabe, ele não cometeu ou comete abusos contra os direitos humanos.
DESRESPEITO À SOBERANIA BRASILEIRA
Entre os que reprovaram a ação do governo Trump, o principal argumento foi o desrespeito à soberania brasileira.
Várias publicações nas redes identificadas pela pesquisa também afirmaram que a sanção não deve ter efeitos significativos, nem em relação a Moraes e nem em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) — que continua respondendo à ação penal pela tentativa de golpe de Estado.
“A narrativa dominante é de que Trump estaria usando a lei de forma distorcida para proteger Bolsonaro, associando a ação a práticas golpistas, chantagem e ataques à soberania nacional”, está escrito em trecho das conclusões da pesquisa.
BOLSONARISTAS
Na outra ponta, cerca de 28% das menções ao assunto nas redes foram de apoiadores do ex-presidente favoráveis à sanção imposta por Trump, e 12% se mantiveram neutros em relação ao assunto.
Do lado dos bolsonaristas, a percepção principal sobre o ocorrido foi de que a sanção dos EUA é espécie de “legitimação” das críticas que o grupo faz à atuação do Judiciário brasileiro.
As palavras que mais apareceram nas publicações feitas pelos usuários foram “lei”, “inegociável”, “presidente” e “país”. Outras expressões também foram identificadas na pesquisa, sem o mesmo protagonismo: “anistia”, “tarifaço”, “Eduardo Bolsonaro”, “censura” e “Donald Trump”.
LEI MAGNITSKY
A Lei Magnitsky foi criada para punir indivíduos ligados a casos de corrupção em larga escala e de violações graves a direitos humanos.
A medida equivale à espécie de “estrangulamento financeiro” da pessoa punida, mas foi arbitrada pelo governo americano com fins políticos.
Horas mais tarde, Trump adiantou também o decreto do tarifaço, com aumento de alíquotas para setores produtivos que exportam ao país, e mencionou expressamente Bolsonaro.
LESA-PÁTRIA
Em 18 de março, o portal da Câmara dos Deputados anunciou que o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL-SP) “não está em exercício” do mandato. No mesmo dia, por meio de vídeo postado nas redes dele, ele anunciou a licença do cargo e que iria passar um período nos Estados Unidos.
Dia 20 de março, Eduardo entregou pedido formal de licença por 120 dias. Dia 19, ele afirmou à CNN Brasil que ainda não havia protocolado a solicitação por conta de “burocracias” relativas ao pedido e à própria mudança de país.
O deputado disse que ficaria nos EUA para se dedicar, em tempo integral, a convencer o governo Donald Trump a atuar pela anistia dos envolvidos nos ataques do 8 de janeiro no Brasil e para obter sanções ao ministro do STF, Alexandre de Moraes, relator do processo sobre golpe de Estado no qual o ex-presidente Jair Bolsonaro foi denunciado.
Alguns dias depois, em entrevista, Bolsonaro disse que havia transferido para Eduardo R$ 2 milhões para financiar a estadia do filho nos Estados Unidos, onde conspira contra o Brasil, o povo brasileiro, em particular, contra os eleitores dele em São Paulo, a economia nacional e as instituições republicanos, num verdadeiro crime de lesa-pátria.
Nos Estados Unidos, país idolatrado pelos Bolsonaros, este tipo de crime teria 2 sentenças: prisão perpétua ou pena de morte.