O ex-deputado João Goulart Filho, candidato a presidente pelo Partido Pátria Livre (PPL) afirmou, nesta quinta-feira (30), em sabatina na Rádio Globo, que o país vive uma desigualdade social inaceitável. “Segundo dados do Banco Central, e que foi noticiado, enquanto 60 mil pessoas muito ricas têm aplicados no exterior 500 bilhões de dólares (2 trilhões pelo câmbio do dia), a maioria da população vive com salários de fome, está desempregada ou está na miséria”, denunciou. “Enquanto alguns acumulam tanto que não têm onde colocar essa montanha de dinheiro, existem pessoas em nossas comunidades vivendo com índices de desenvolvimento humano comparáveis aos de Serra Leoa, na África. Desse jeito o nosso país não anda para frente. Fica tudo estagnado”, acrescentou o candidato.
“Eu nunca vi um governo tão entreguista e desumano como este atual”, prosseguiu o presidenciável, ao defender as estatais estratégicas e reafirmar que vai paralisar as privatizações em curso no país. João Goulart rebateu a afirmação da entrevistadora de que “com a globalização” seria anacrônico defender as empresas nacionais, os direitos trabalhistas e o nacionalismo. Ele disse que nunca foi tão grave o entreguismo do patrimônio nacional como agora. “Eu passei 15 anos no exílio e nunca pensei que veria um governo tão distante do povo e da nação e tão submisso como este”, afirmou.
Questionado sobre a reforma trabalhista, João Goulart se comprometeu a revogá-la, caso seja eleito. “Estamos assistindo à perda de direitos que foram conquistados com muita luta. Na nossa visão, os direitos trabalhistas não podem retroceder. Eles só podem avançar”, observou. “Da mesma maneira a Previdência. Nós temos que defender a Previdência. Não vamos tirar direitos previdenciários de ninguém”, garantiu. “Quem trabalhou a vida inteira tem direito a uma aposentadoria decente. O que vamos fazer é cobrar os grandes devedores da previdência social”, disse Goulart, referindo-se aos grandes bancos.
Ele reivindicou o legado do trabalhismo e disse que seu ideário e o ideário do PPL é o nacional desenvolvimentismo. “Getúlio tirou o Brasil da condição de ser uma mera fazenda exportadora de café e industrializou o país. Ele criou as leis trabalhistas para proteger os direitos dos trabalhadores. Ou seja, ele modernizou o Brasil econômica e socialmente”, lembrou João Goulart.
“Nós agora vamos dar prosseguimento a essa luta, completar a obra da independência”, assinalou o candidato. O presidenciável criticou o uso de recursos de BNDES “para financiar multinacionais e empresas como a JBS e outras empresas envolvidas em corrupção”. “Nós temos que usar o dinheiro do BNDES para financiar um projeto de desenvolvimento nacional”, afirmou o candidato, referindo-se à farra das empresas “campeãs” que foram regadas com dinheiro público com o único objetivo de se tornarem monopólios.
João Goulart destacou que as reformas de base que seu pai queria realizar tinham na essência o mesmo objetivo de hoje, o de criar de um vigoroso mercado interno. “Por isso meu pai queria fazer a reforma agrária, para entregar 10 milhões de propriedades, que acabaria criando um mercado interno para os produtos da indústria”, prosseguiu. “O golpe de 64 não foi contra o governo João Goulart, foi contra um projeto de nação livre e independente. Um projeto que buscava garantir que todos pudessem ter as mesmas oportunidades”, afirmou o filho de Jango.
“Mesmo depois de tanto tempo, os problemas de hoje são semelhantes aos daquela época, e até piores”, disse Goulart Filho. Para ele a não realização das reformas, por causa do golpe, criou os grandes cinturões de miséria nas grandes cidades, onde hoje o Estado está ausente. “Essa é uma das causas da violência na regiões metropolitanas do país”, destacou.
Ele defendeu a proposta de dobrar o salário mínimo em quatro anos como forma de tirar o país da crise. “O trabalhismo já fez isso”, disse ele. “Em 1954, o ministro do Trabalho de Getúlio, Jango, teve que renunciar, mas o salário foi dobrado e não foi em quatro anos, foi em trinta dias. Não houve o caos que se apregoava. Pelo contrário. Isso proporcionou o desenvolvimento do país, os 50 anos em 5 de Juscelino”, argumentou. “Nós vamos fazer o mesmo”, garantiu.
Verdadeira oclocracia! Nivelaram tudo por baixo. Não importa ao povão, que o mesmo processo arruinou a Nação e trouxe retrocesso e atraso a todos. Disseram governar para os mais pobres, mas produziram muitos ricos, ilicitamente. Foi como nadar com um pé na piscina e outro no chão!
Trapaça!