
Pesquisa da Reuters/Ipos divulgada no domingo (4) revelou que a maioria dos norte-americanos – 65% – considera que o presidente Donald Trump poderia ter evitado pegar a Covid-19, se tivesse dado atenção ao risco.
Trump foi internado na sexta-feira (2) no maior hospital militar dos EUA,o Walter Reed, perto de Washington. 10 integrantes do círculo íntimo de colaboradores do presidente também deram positivo para o coronavírus. Na noite de domingo, Trump deu uma volta de carro, para cumprimentar apoiadores, e retornou ao hospital.
Um médico do Walter Reed, o Dr. James Phillips, condenou o “passeio presidencial completamente desnecessário” , que chamou de “teatro político”, que colocava em risco a saúde de todos os que foram forçados a participar.
Para 55% dos entrevistados, Trump não tem sido honesto sobre a pandemia, enquanto 34% acham que o presidente tem dito a verdade sobre o coronavírus. 11% não sabem.
57% dos entrevistados reprovaram a forma como o governo federal respondeu à Covid-19 – uma alta de 3 pontos percentuais em relação à pesquisa anterior, na semana passada.
A pesquisa foi realizada pela internet durante os dias 2 e 3 de outubro, sendo respondida por mais de mil pessoas. Entre os que pretendem votar no dia 3 de novembro – nos EUA o voto não é obrigatório -, 53% apoiam Biden e 39%, Trump. 4% preferem um terceiro nome.
SEM COMÍCIOS NA PANDEMIA
67% se disseram contra comícios no atual quadro de pandemia e 59% acreditam que os debates devem ser adiados até que Trump se recupere. O próximo debate entre Trump e o oponente democrata, Joe Biden, estava marcado para o próximo dia 15.
Após a notícia de que Trump foi infectado pela Covid-19, Biden abriu sua maior vantagem nas pesquisas em um mês – 14 pontos percentuais.
Na véspera de se tornar público que ele tinha pegado a Covid, em um jantar à noite Trump havia garantido que “o fim da pandemia está próximo e o próximo ano será um dos maiores anos da história de nosso país”.
SEM MÁSCARA
No primeiro debate com Biden, Trump havia inclusive feito questão de expressar seu desprezo pelo uso de máscara facial, apesar de ser a orientação das autoridades médicas do país.
Como ficou marcado no diálogo entre o mediador Chris Wallace e ele:
Wallace: Presidente Trump, você começou a questionar cada vez mais a eficácia das máscaras como preventivos de doenças. E, de fato, recentemente você citou a questão de – garçons tocando suas máscaras e tocando os pratos. Você está questionando a eficácia das máscaras?
Trump: Não, acho que as máscaras estão bem. Você tem que entender, se olhar – quero dizer, eu tenho uma máscara bem aqui. Eu coloco uma máscara, sabe, quando acho que preciso. Esta noite, por exemplo, todo mundo fez um teste e você teve distanciamento social e todas as coisas que você tem que fazer, mas…
Biden: Assim como seus comícios.
Trump: – Eu uso máscaras quando necessário. Quando preciso, uso máscaras.
Wallace: OK, deixe-me perguntar –
Trump: Eu não tenho – eu não uso máscaras como ele [Biden]. Cada vez que você o vê, ele tem uma máscara. Ele pode estar falando a 200 pés de distância deles e ele aparece com a maior máscara que eu já vi.
Repórteres que acompanharam a comitiva de Trump ao local do debate relataram que, de familiares a convidados, o menosprezo pelo uso de máscara era geral.
Há rumores de que o contágio de Trump ocorreu durante a aglomeração que ele promoveu na quarta-feira passada na Casa Branca, para alardear a indicação da juíza Amy Barrett à Suprema Corte, vista como possível tábua da salvação para o caso de levar a eleição para o tapetão.
CAMPEÃO DA DESINFORMAÇÃO
Também uma pesquisa realizada pela Universidade de Cornell, nos EUA, apontou que Trump é responsável pela maior quantidade de desinformação sobre COVID-19 no mundo.
O estudo analisou mais de 38 milhões de publicações sobre o novo coronavírus em todo o mundo entre 1º de janeiro e 26 de maio de 2020, sendo que 1,1 milhão destas notícias eram falsas (cerca de 3%).
De acordo a pesquisa, Trump foi mencionado como fonte em 37,9% das publicações incorretas sobre a COVID-19, entre as quais apenas 16,4% foram checadas pela mídia, “o que sugere que a maioria foram simplesmente divulgadas sem qualquer interferência”.
A equipe da Aliança pela Ciência da Cornell, do Departamento de Desenvolvimento Global da Universidade de Cornell, identificou 11 categorias de falsas notícias, como a disseminação de curas milagrosas e teorias da conspiração, que foram as maiores fontes de fake news.
“Embora se possa esperar uma sobreposição substancial entre esses subtópicos, dada a proeminência do presidente Trump dentro do tema das ‘curas milagrosas’, esses resultados reforçam nossa conclusão de que o presidente dos Estados Unidos foi provavelmente o maior impulsionador de desinformação durante a pandemia da COVID-19”, diz a pesquisa.