
O Corpo de Bombeiros, voluntários e militares encontraram neste domingo o corpo da 65ª vítima do temporal que assolou o litoral norte de São Paulo no último final de semana. Era a última pessoa considerada desaparecida que restava na área e, por enquanto, as buscas na Barra do Sahy, em São Sebastião, foram encerradas.
As equipes de resgate passaram sete dias cavando na lama, que destruiu casas e invadiu ruas após a chuva histórica. Segundo os bombeiros que atuam na região, buscas também foram encerradas no Juquehy, mas continuam na região da Baleia Verde, onde um corpo ainda é procurado.
A Prefeitura de São Sebastião afirmou que está fazendo, agora, uma busca ativa. Significa que pegaram todos os boletins de ocorrência de desaparecidos feitos após a tragédia e estão tentando descobrir se essas pessoas foram encontradas ou se estão em algum abrigo.
Dos mortos, 64 foram encontrados no Sahy e um em Ubatuba. Os trabalhos de identificação já conseguiram liberar 57 vítimas para o sepultamento. São 21 homens adultos, 17 mulheres adultas e 19 crianças.
A estrutura no Sahy deve continuar ativa por algum tempo, para o caso de surgirem novos relatos de desaparecidos. O último corpo encontrado, 65º, era de uma mulher.
Pelo último balanço do governo do Estado, há 1.090 desalojados e 1.172 desabrigados.
Na chamada zona quente, local mais atingido pelo deslizamento de terras, funcionários da Anatel auxiliaram na procura pelos corpos usando dispositivos que detectam sinal de celulares. A expectativa é que onde existe o sinal de celular ou de outros aparelhos eletrônicos haja corpos por perto.
Segundo funcionários, três corpos foram encontrados devido ao uso desse mecanismo, inclusive um neste sábado.
Na quinta-feira (23), vítimas das chuvas começaram a receber acolhimento terapêutico de profissionais da Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social. Os atendimentos acontecem em nove pontos que estão servindo de abrigo para os atingidos, em locais como Vila Sahy, Boiçucanga e Juquehy.
Os serviços vão desde acolhimento no luto e cadastramento para receber benefícios sociais até suporte no reconhecimento de corpos e atividades de recreação para crianças. Até agora, segundo o governo estadual, já foram feitos 1.000 atendimentos.
A tragédia do litoral norte paulista causou uma forte comoção na população brasileira e uma união entre as esferas públicas foi criada entre o governo de São Paulo e o governo federal. O presidente Lula visitou a região junto a uma equipe de ministros para oferecer apoio às vítimas.
Equipes das Forças Armadas foram mobilizadas para apoio aos desabrigados e o navio “Atlântico” da Marinha foi enviado para a região para funcionar como Hospital de Campanha.
DOENÇAS
Em meio aos desafios do atendimento à tragédia, outro problema se apresentou. Médicos e a população local notaram casos de gastroenterite. O contato com a lama do temporal pode ter sido o responsável pela alta.
Ocorrências de infecção gastrointestinal nesta época do ano são comuns, afirmam médicos. Ela pode ser causada por vírus, parasitas ou bactérias e costumam ser encontradas em água contaminada e alimentos mal lavados ou mal armazenados.
No litoral norte, casos de gastroenterite foram responsáveis por 20% dos atendimentos em hospitais. Após as tragédias, o índice subiu para 30%. Juan Lambert, diretor da UPA de São Sebastião, diz que na sexta-feira (24) já houve redução nas ocorrências.
Um posto médico foi montado dentro de uma escola municipal na Barra do Sahy, onde está parte dos desabrigados e desalojados. Ali, a equipe médica afirma que entre as 25 consultas que foram realizadas neste domingo (26), 4 são de gastroenterite.
O restante se divide entre dermatite, lesões leves e controle de doenças que os pacientes já tratavam antes das enchentes.