Ainda segunda a pesquisa, 91% acreditam que o Brasil vive colapso na saúde
Está em debate no âmbito do Congresso Nacional, a instauração de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) para investigar a gestão do Ministério da Saúde na crise sanitária da Covid-19. A criação está mais adiantada no Senado, com a assinatura de 30 parlamentares, em requerimento liderado pelo senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP).
A investigação na péssima gestão da pandemia, a cargo do Ministério da Saúde, não é demanda apenas dos congressistas. Para 71% dos brasileiros questionados pela pesquisa Exame/Ideia, esta investigação deveria ser instaurada. Apesar disso, 56% não sabem como funciona e qual a finalidade de uma CPI.
“Há um apoio majoritário para instauração de uma CPI para apurar potenciais desvios e problemas na gestão pública da pandemia. Quanto maior a renda e escolaridade, maior o grau de suporte. Há um sentimento de que o poder público poderia ter feito mais na gestão da pandemia no Brasil”, avalia Maurício Moura, fundador do Ideia.
SISTEMA DE SAÚDE EM COLAPSO
A taxa de ocupação de leitos de UTI (Unidade de Terapia Intensiva) está acima de 90% em 17 estados, segundo boletim do Observatório Covid-19, da Fiocruz, divulgado na última terça-feira (23). Neste mesmo dia, o Brasil teve o pior registro de mortes pela doença no período de 24 horas: 3.251. Diante deste panorama, 91% dos brasileiros acreditam que o Brasil vive um verdadeiro colapso de saúde.
Essa percepção da falência no sistema de saúde é maior entre os moradores do Norte (95%) e Nordeste (93%). Entre os evangélicos, parcela que mais apoia o governo do presidente Jair Bolsonaro, 86% têm a sensação de que o atendimento hospitalar entrou em colapso.
Grande parte da desassistência aos pacientes infectados pelo coronavírus é atrelada ao trabalho do ex-ministro da Saúde, o general Eduardo Pazuello. Para 35%, a gestão da crise sanitária feita por ele foi ruim ou péssima contra 21% que acham ótima ou boa.
E para 36%, a troca no comando da pasta, pelo médico Marcelo Queiroga, não deve mudar a situação. 11% acham que vai piorar. Outros 27% acreditam que o cenário deve melhorar.
A pesquisa ainda questionou a aprovação dos brasileiros sobre as medidas de toque de recolher e do fechamento de serviços não essenciais com o objetivo de diminuir a circulação de pessoas. Entre os entrevistados, 56% apoiam essas duas estratégias de contenção da Covid-19. A aprovação é maior entre aqueles com ensino superior (66%), e pior na faixa etária de 25 e 34 anos (47%).
“GOVERNO DEVE DAR EXPLICAÇÕES”
Em artigo, “A urgência da CPI da Pandemia”, publicado nesta segunda-feira (29), no portal Poder360, o senador Randolfe Rodrigues, diz que o “governo deve dar explicações” sobre a crise sanitária. E que as “mudanças não apagam erros”.
“O caos sanitário, social e econômico atingiu dimensões assustadoras. O governo federal se mostrou incapaz de lidar com a pandemia do coronavírus, sendo responsável direto pela tragédia humanitária pela qual o Brasil passa”, destaca Randolfe.
“Uma série de ações e omissões patrocinadas pelo governo em muito contribuíram para o morticínio atual: sabotagem das medidas sanitárias, promoção de aglomerações, ressalvas quanto ao uso de máscaras, enxurrada de fake news e insistência em medicamentos e tratamentos ineficazes contra a Covid-19, para citar algumas”, enumera.
“A oferta insuficiente de vacinas não se deve ao seu custo ou problemas orçamentários, mas sim ao descaso do governo federal em relação à vacinação do povo brasileiro. Não fosse a atuação firme do Congresso Nacional, quiçá nem vacinas teríamos”, lembra.
AVALIAÇÃO DO GOVERNO E O TRABALHO COMO PRESIDENTE
A pesquisa também quis saber como os brasileiros avaliam o governo até o momento. E a notícia não é boa para Bolsonaro, pois 49% dos nacionais o acham ruim ou péssimo. Enquanto 27% o veem como ótimo ou bom. Para 22%, o presidente é apenas regular.
No quesito “a maneira como Jair Bolsonaro está lidando com seu trabalho como presidente?”, o chefe do Poder Executivo é desaprovado por 49% dos brasileiros. É aprovado por 25%. A indiferença, isto é, os “nem-nem”, nem aprovam, nem desaprovam, são 22%. Não souberam responder, 4%.
O governo Bolsonaro está em declínio. Derrete a olhos vistos.
DADOS DA PESQUISA
Os dados são da mais recente pesquisa Exame/Ideia, projeto que une Exame Invest Pro, braço de análise de investimentos da Exame, e o Ideia, instituto de pesquisa especializado em opinião pública.
O levantamento ouviu 1.255 pessoas entre os dias 22 e 24 de março. A margem de erro é de três pontos percentuais para mais ou para menos.
Acesse aqui ao relatório completo da pesquisa