Uma gigantesca marcha de 750 mil espanhóis, conforme a polícia municipal, inundou as ruas de Barcelona no último sábado para exigir “liberdade para os presos políticos”. Portando faixas e cartazes denunciando o presidente Mariano Rajoy, os manifestantes tomaram a capital da Catalunha para condenar a violência e a repressão movida pelo governo espanhol contra o movimento separatista.
A multidão foi convocada pela Assembleia Nacional Catalã (ANC) e pela Òmnium Cultural, cujos líderes, Jordi Sànchez e Jordi Cuixart, encontram-se presos desde o dia 17 de outubro, acusados de “rebelião, sedição e malversação”. Os dois líderes foram encarcerados após os protestos que antecederam o referendo sobre a autodeterminação do território autonômico, em 1º de outubro. Também se encontram na cadeia oito membros do governo catalão, destituído na sequência da declaração unilateral de independência da República da Catalunha. As penas podem chegar a 50 anos de prisão.
A sessão parlamentar que declarou unilateralmente a “independência” da Catalunha da Espanha avalizou a decisão de 90% de apenas 38% do eleitorado que foi às urnas. Como o número total de participantes representava pouco mais de 2,3 milhões dos 5 milhões de eleitores da região, o Tribunal Constitucional não reconheceu o resultado como expressão da maioria do povo catalão. A decisão judicial era a oportunidade do governo de Madri abrir o diálogo. Em vez disso, Rajoy decidiu mandar tropas e agredir manifestantes desarmados. Chocantes, as imagens da covardia jogaram gasolina no incêndio, conflagrando o país.
Na manifestação de sábado, elevando a voz dos perseguidos, Francesc Riera leu a mensagem enviada pelo ex-vice-presidente preso, Oriol Junqueras, exortando a luta “pelo amor e pela liberdade” e condenando os “herdeiros do franquismo com o vergonhoso apoio do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE)” que se encontram à frente do governo Rajoy. “Estamos longe de todos e de tudo, isolados, encerrados, fazendo das tripas coração porque não é fácil”, frisou, “porque não há diálogo, apenas imposição, apenas o ‘se não são submissos arruinaremos suas vidas’ ”.
“CONSTRUIR PONTES”
Conforme Jordi Armadans, que falou em nome de Raül Romeva, conselheiro de Assuntos Exteriores do governo Carles Puigdemont e atualmente preso em Estremera, “é preciso preservar a mão estendida, sem cair em provocações. Estamos aqui porque podemos construir pontes até uma sociedade melhor, mais justa e mais livre”.
Por meio de um vídeo, Puigdemont baixou o tom e fez um apelo ao governo espanhol, à União Europeia e à comunidade internacional para que contribuam na construção de uma saída dialogada.