Milhões de mulheres no mundo inteiro se manifestaram nas ruas neste 8 de Março, Dia Internacional da Mulher. Foram realizados congressos, simpósios e encontros para reivindicar os seus direitos, condenando o corte de conquistas sociais, que afetam principalmente as mulheres no contexto do arrocho, da recessão e aumento do desemprego que atingem muitos países.
Uma das principais reivindicações foi a de salário igual para trabalho igual. O Informe Mundial sobre Salários 2018/2019 publicado recentemente pela da Organização Internacional do Trabalho (OIT)*, utilizando os salários médios por hora para calcular o fosso salarial de gênero, estabelece, a partir de dados sobre 73 países que abarcam cerca de 80% dos trabalhadores do mundo, que ele se situa em torno de 16%.
As latino-americanas, além da equiparação salarial, exigiram melhor educação, igualdade de direitos políticos e condenaram a violência que ainda impera contra elas.
Na Argentina, dezenas de milhares marcharam desde o Congresso até a Praça de Maio de Buenos Aires, com consignas como “Contra o ajuste e a violência machista”. O Parlamento aprovou, no dia 8, a lei pela qual 50% das vagas para postulações eleitorais será de mulheres e já vigorará nas eleições deste ano.
O Centro de Economia Política Argentina divulgou que as mulheres registraram no ano passado taxas de desemprego de 10,8% frente a 8,9% dos homens. Por outro lado, 37,1% das mulheres em relação de dependência trabalham sem registro em carteira. Para os homens o índice é de 31,8%.
Milhares de mulheres desfilaram pelo centro de Montevidéu, no Uruguai, reclamando a equiparação salarial, o fim da violência de gênero. Entre as manifestantes estava a vice-presidente Lucía Topolanksy, que caminhou acompanhada de seu marido, o ex-presidente José Mujica.
Na Bolívia, milhares marcharam nas principais cidades do país. Nos últimos anos houve avanços como a paridade de assentos de homens e mulheres no Parlamento, programas sociais e redução no desemprego e governos regionais. Mas, a violência contra as mulheres ainda é grande e elas exigem mais presença do Estado para coibi-la.
Em Cuba, o X Congresso da Federação de Mulheres Cubanas (FMC) encerrou na sexta-feira, dia 8, com um amplo debate sobre trabalho, igualdade de gênero, avanços no desenvolvimento social, econômico e a continuidade da revolução.
No Chile, cerca de 100 mil pessoas participaram de uma passeata para exigir igualdade de direitos e o fim das leis discriminatórias e denunciar a violência contra a mulher em Santiago, capital, como parte das manifestações pelo Dia Internacional da Mulher.
Uma enorme manifestação convocada por 70 organizações concentrou-se na Praça da Democracia na capital do Paraguai, Assunção, reivindicando uma sociedade mais justa e denunciando as condições precárias de trabalho. Repudiaram também os despejos violentos que afetam as famílias mais pobres e denunciaram os salários menores que as mulheres recebem pelo trabalho igual.
EUROPA
Espanha e França realizaram as concentrações mais expressivas da jornada na Europa.
Centenas de milhares participaram das manifestações que ocorreram na capital espanhola, Madri, e em Barcelona. Mobilizadas contra a “Violência, salário desigual e Precariedade”, as mulheres realizaram uma ampla greve que culminou com marchas nas principais cidades de todo o país. A central sindical espanhola UGT estima que seis milhões de pessoas deixaram o trabalho por ao menos duas horas em uma greve para exigir igualdade salarial e de direitos para mulheres que, segundo a central, mobilizou mais pessoas do que uma ação semelhante no ano passado.
Em Paris as mulheres se reuniram na Praça da República para reivindicar por igualdade salarial e contra a violência e manifestantes da Anistia Internacional empunharam cartazes diante da embaixada da Arábia Saudita com os dizeres “Buzinem pelos direitos das mulheres”, e pediram a libertação de mulheres ativistas, incluindo aquelas que fizeram campanha pelo direito de dirigir no reino saudita, profundamente opressor da mulher.
Na Alemanha, autoridades da capital, Berlim, declararam o Dia da Mulher feriado oficial – pela primeira vez – e milhares de pessoas se juntaram para uma colorida manifestação sob o céu ensolarado da Praça Alexanderplatz.
Em sua maioria vestidas na cor fúcsia, as italianas encheram as ruas de Roma e muitas outras cidades do país para exigir igualdade e mais diretos. Houve muitas consignas contra o líder da ultradireitista Liga, Matteo Salvini, que recentemente defendeu a reabertura dos prostíbulos, fechados com uma lei de 1958.
Em Portugal, na marcha de Lisboa participou o primeiro ministro, António Costa, que durante a manhã se reuniu com 18 mulheres que ocupam posições relevantes na sociedade portuguesa.
Em Atenas e Kiev, manifestantes exigiram igualdade e o fim da violência contra as mulheres.
Na Rússia, onde o Dia da Mulher sempre tem sido uma festa importante desde a época da União Soviética, flores e mensagens de felicitações decoravam espaços públicos e houve manifestações nas principais cidades.
Convocadas pela União Geral de Mulheres Palestinas, as mulheres se manifestaram em defesa de sua Pátria, contra a ocupação de seu território, pela igualdade de direitos, concentrando-se na Praça do Soldado Desconhecido.
No Japão, Turquia, Argélia, Filipinas, Índia, Paquistão, Quênia entre outros países, manifestações exigiram igualdade de direitos, salário igual para trabalho igual e fim da violência contra a mulher.
SUSANA SANTOS
Galeria de fotos do Resumen LatinoAmericano sobre o 8 de Março