Neste Dia Internacional das Mulheres, entidades femininas iniciaram o dia conclamando mulheres para a luta contra a fome e a carestia, em defesa da vida e por um Brasil sem machismo, sem racismo e sem Bolsonaro.
O 8 de Março começou com o hasteamento de uma faixa no Viaduto do Chá, na capital paulista, com os dizeres “ Tudo caro, culpa do Bolsonaro! Mulheres contra a carestia!”.
A atividade, realizada pela Confederação de Mulheres do Brasil (CMB), União Brasileira de Mulheres (UBM), Federação de Mulheres Paulista (FMP), Juventude Pátria Livre (JPL) e Sobre Nós, contou ainda com panfletagem no centro de São Paulo.
Karina Sampaio, diretora da FMP, afirma que “o 8 de Março é a data mais importante do movimento de mulheres, momento em que levantamos as bandeiras da nossa luta, e hoje a FMP decidiu que a pauta mais importante é a luta contra a política de carestia do Bolsonaro, porque atinge a todos, mas especialmente as mulheres”.
“Não é à toa que elas são a grande maioria nos cadastros para a aquisição de cestas básicas, são elas que estão perto dos supermercados e restaurantes pedindo comida, são elas que estão buscando em caminhões de lixo restos de comida para alimentarem seus filhos. Por isso, para nós, a pauta central deste 8 de Março é o controle de preços dos itens da cesta básica, do gás de cozinha e conta de luz”, completou Karina.
As lideranças falaram sobre o aumento abusivo nos preços atuais comparados a janeiro de 2020. “Nesse período, a cesta básica custava, em média, R$ 466,50 e o gás de cozinha, que hoje é vendido por até R$130,00, custava R$ 69,74”, diz o documento distribuído nesta manhã.
Keila Pereira, secretária nacional de cultura da JPL, lembra que “quase 70% do salário mínimo é gasto com itens de necessidade básica no Brasil. Por isso, precisamos do tabelamento do preço do alimento com urgência para desafogar o povo brasileiro e devolver o mínimo de dignidade. As mulheres são linha de frente nessa luta pois enfrentam diariamente as dificuldades de alimentar seus filhos com o agravo de ser maioria entre os desempregados”.
Para Keila, “é absolutamente necessário que a luta contra a carestia esteja no centro das discussões neste 8 de Março. Em qualquer crise as mulheres são as mais afetadas, e estamos vivendo a pior de nossa história”.
As entidades destacam ainda que, apesar de o Brasil ser o maior produtor de alimentos do mundo, a fome só aumenta no país. “Cenas como a venda de ‘carcaça de frango’ com pele e gordura, pessoas disputando ossos de animais nos açougues e mulheres à procura de restos de comida em caminhões de lixo escancaram essa realidade de desespero”, diz o documento.
Desyrée Azevedo, coordenadora do coletivo Sobre Nós no Município de São Paulo, que reúne jovens mulheres contra a pobreza menstrual, afirmou que as mulheres “são as primeiras a sofrer pelo governo negacionista”. “Por isso ocupamos as ruas nesse dia tão simbólico como o 8 de Março, com faixas e panfletagens e dialogar com o povo demonstrando que não podemos aceitar nem um minuto que as mulheres tenham que escolher entre comprar uma cesta básica, manter o teto sobre sua cabeça. Que não podemos aceitar que mulheres tenham que se submeter ao uso de miolo de pão durante o período menstrual por não ter dinheiro para comprar absorvente. Hoje e os próximos dias seguem sendo em combate à política genocida de Bolsonaro, pois se está ruim para o povo, está pior para as mulheres!”.
Com a palavra de ordem “vamos juntas derrotar Bolsonaro”, as entidades conclamam as mulheres, que sempre foram a maioria entre seus opositores, a resistirem na luta pela democracia e contra “o governo da exclusão, da miséria e da fome”.
As entidades destacam que essa situação é culpa do governo Bolsonaro. “Foi o seu governo que, em 2019, acabou com o estoque regulador da Companhia Nacional de Abastecimento (CONAB) e estimulou a exportação dos alimentos brasileiros nos dois últimos anos, quando alcançamos safras recordes. Enquanto isso, os países de todo o mundo compravam mantimentos para garantir a segurança alimentar da sua população durante a pandemia. Como se não bastasse, atrelou o preço da gasolina ao dólar jogando a inflação nas alturas”.
Lembrando os movimentos contra a carestia dos anos 1970, as entidades afirmam que é preciso retomá-lo para pressionar o governo a retomar imediatamente a política de controle de preços através do estoque regulador da CONAB e fazendo tabelamento sempre que necessário.
O documento afirma que é hora de “darmos as mãos, unindo as nossas vozes, transformando a nossa insatisfação em luta!”.
As mulheres também começaram o dia com um “tuitaço” com mensagem como “ Tudo caro, culpa do Bolsonaro! Mulheres contra a carestia! #MulheresContraCarestia” e “Bolsonaro inimigo das Mulheres”.