Do total de 7 milhões de vagas a mais no trimestre encerrado em julho, na comparação com o mesmo período de 2020, apenas 1,2 milhão de pessoas foram com carteira assinada. “É o primeiro aumento no emprego com carteira, desde janeiro de 2020, na comparação anual”, diz o IBGE
De acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), o número de pessoas trabalhando cresceu 8,6% no trimestre encerrado em julho de 2021 na comparação com o mesmo período do ano passado. Um total de 7 milhões de pessoas a mais, porém com rendimentos menores.
Desse total, 80% dos trabalhadores estão na informalidade, no trabalho precário, sem carteira assinada ou qualquer direito trabalhista. Mais da metade trabalham por conta própria: 3,8 milhões a mais fazendo “bico” na comparação com o mesmo trimestre do ano passado, uma alta de 17,6%.
De acordo com a Pnad, o trabalho por conta própria atingiu o patamar recorde de 25,2 milhões de pessoas no trimestre encerrado em julho deste ano.
Apenas 1,2 milhão de trabalhadores foram contratados com carteira de trabalho no trimestre encerrado em julho na comparação com o mesmo período do ano passado. “É o primeiro aumento no emprego com carteira, desde janeiro de 2020, na comparação anual”, diz o IBGE.
O efeito é dramático, com a precarização do trabalho o rendimento desaba e desaba ainda mais diante da explosão da inflação, com a disparada dos preços dos alimentos, do gás de cozinha, e da energia, agravada agora com os aumentos nas tarifas.
Segundo os dados da Pnad Contínua, divulgados pelo IBGE na quinta-feira (30/9), no trimestre encerrado em julho deste ano, na comparação com o mesmo período do ano passado, o rendimento médio caiu 8,8%. Isso representa R$ 242 a menos no fim do mês para os trabalhadores. Em média, segundo a pesquisa, o salário é de R$ 2.508.
O custo médio da cesta básica, divulgada pelo Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, ultrapassa R$ 600 em várias capitais, mais da metade do salário mínimo. O botijão de gás consome, em várias localidades, 10% do salário mínimo. Sem falar no preço dos alimentos que subiram muito além da inflação e que, tragicamente, vêm sendo substituídos por ossos na mesa de milhares de famílias brasileiras.
De acordo com Daniel Duque, economista e pesquisador do Instituto Brasileiro de Economia da FGV (Ibre/FGV), “de fato, a informalidade cresceu muito durante a pandemia principalmente por conta dos trabalhadores por conta própria sem CNPJ. Esse grupo está maior que antes da pandemia”.
“Uma maior informalidade significa trabalhadores com rendimentos mais voláteis, que não sabem muito bem o que esperar no fim do mês, no mês seguinte”, declarou Duque ao g1. “Não há qualquer tipo de segurança, benefício ou seguridade. Então, temos um número muito grande de trabalhadores com uma incerteza no mercado de trabalho”, afirmou o pesquisador destacando que há “uma série de impactos negativos, que provoca uma melhora aquém do necessário principalmente no que diz respeito ao consumo das famílias”.