Para os entrevistados, proposta de Campos Neto, presidente do BC, traria mais prejuízos do que benefícios para a economia, o varejo e os consumidores, aponta pesquisa DataFolha
Oito em cada dez (81%) dos estabelecimentos comerciais de pequeno porte da cidade de São Paulo são contrários ao fim da venda parcelada sem juros no cartão de crédito, revela pesquisa Datafolha divulgada nesta terça-feira (29). A proposta de extinguir o sistema amplamente usado pelos consumidores foi apresentada pelo presidente do Banco Central (BC), Campos Neto, e é apoiada por apenas 15% dos consultados. Outros 3% se declararam indiferentes e 1% preferiu não opinar.
De acordo com a pesquisa, 81% dos comércios pesquisados fazem vendas sem juros no cartão, garantindo ao menos 50% das vendas mensais. Também afirmam que 45% do faturamento mensal depende da oferta de pagamento a prazo e sem juros. Este grupo afirma majoritariamente que o fim das vendas parceladas traria mais prejuízos do que benefícios para a economia, varejo e consumidores.
Campos Neto levantou a hipótese de extinguir o sistema ou aplicar juros às vendas a prazo, sob o argumento de que a prática seria a razão para o aumento da inadimplência e dos juros estratosféricos do cartão de crédito, atualmente em 445,7% ao ano. A mudança estaria sendo estudada, embora seja rechaçada pela maior parte das entidades setoriais, comerciantes e consumidores.
O levantamento foi realizado na semana passada, com 306 entrevistas presenciais, com responsáveis por estabelecimentos comerciais de pequeno porte (até 49 funcionários) de todas as regiões da cidade de São Paulo.
Na semana passada, entidades do comércio e do setor de serviços lançaram um manifesto onde afirmam que “É inadmissível que o Parcelamento Sem Juros – grande aliado dos consumidores, varejistas e empreendedores – seja extinto, taxado ou alterado”.
“O Parcelamento Sem Juros é fundamental na vida do brasileiro. Tanto para compras do dia a dia como roupas e remédios, quanto para pagar suas contas e conseguir facilitar conquistas maiores como geladeiras, eletrônicos, viagens e reformas”, diz trecho do manifesto.