“O crédito não chegou à mão do empresário”, diz Joseph Couri, presidente do Simpi
Após cinco meses de pandemia, as micro e pequenas indústrias do estado de São Paulo continuam enfrentando dificuldades no acesso ao crédito, segundo pesquisa realizada pelo Sindicato de Micro e Pequenas Indústrias do Estado de São Paulo (Simpi).
Apenas 9% tiveram crédito emergencial com garantia do governo aprovado por instituição financeira e 31% tiveram demanda negada, segundo registrou o 9º Boletim do Simpi sobre o Impacto do Coronavírus nos Negócios. “83% das empresas não estão tendo acesso a crédito durante a crise para se manter funcionando. Há empresas que conseguiram crédito no começo da crise, mas que já se esgotou ao longo dos últimos meses”. A pesquisa foi realizada pela Datafolha de 6 a 14 de agosto.
Para 42% das empresas, o capital de giro que dispõem é insufiente e está trazendo muitas dificuldades para a sobrevivência dos negócios. Uma parcela de 8% das empresas correm risco de falir nos próximos 30 dias, de acordo com os empresários. 29% das empresas demitiram durante a pandemia.
“O quadro é extremamente difícil e desafiador. O pior já passou? Eu diria que o pior do fator gerador da crise passou, mas a paralisação fez com que todo o capital de giro das empresas fosse embora. O crédito não chegou à mão do empresário. A pressão existe e é grave. As sequelas estão aí colocadas e precisam ser resolvidas daqui para frente”, declarou Joseph Couri, presidente do Simpi, ao Estadão.
“Sai muito mais barato pelo aspecto social, humano e material manter uma empresa viva do que quebrá-la e depois esperar que nasça outra para ocupar o lugar dela”
Segundo a pesquisa, a fatia que corre risco de entrar em recuperação judicial nos próximos dias é de 9%. Uma parcela de 29% das empresas da tiveram algum fornecedor que faliu ou entrou em recuperação judicial desde o início da pandemia. A parcela que teve algum cliente empresarial que deixou de comprar porque faliu ou entrou em recuperação judicial é de 35%.
Para 4% dos entrevistados, “a crise econômica trazida pelo coronavírus já foi solucionada e não afeta mais os negócios”. Para 53%, “a crise ainda é muito forte, afeta muito os negócios e não dá para prever quando a economia irá se recuperar”.
“Não existe uma ilha isolada na economia. Se quebra um pequeno negócio, ele vai afetar diretamente médias empresas, grandes empresas, multinacionais. E vice-versa”, ressaltou Couri. “Sai muito mais barato pelo aspecto social, humano e material manter uma empresa viva do que quebrá-la e depois esperar que nasça outra para ocupar o lugar dela”.