Os impactos econômicos da crise provocada pelo novo coronavírus levou ao aumento do número de micro empresários a buscarem empréstimos para manter o negócio. Segundo pesquisa do Sebrae, em parceria com a Fundação Getúlio Vargas, entre 7 de abril a 5 de maio, houve um acréscimo de 8 pontos percentuais na proporção dos empresários que buscaram por recursos junto a bancos.
Porém, o resultado tem sido o mesmo encontrado por tantos outros empresários que tiveram o crédito negado. O estudo, divulgado dia 19 de maio, mostra que “86% dos empreendedores que buscaram tiveram o empréstimo negado ou ainda têm seus pedidos em análise. Desde o início das medidas de isolamento no Brasil, apenas 14% daqueles que solicitaram crédito tiveram sucesso”.
A pesquisa ouviu 10.384 microempreendedores individuais (MEI) e donos de micro e pequenas empresas de todo o país. Essa é a 3ª edição de uma série iniciada pelo Sebrae no mês de março, pouco depois do anúncio dos primeiros casos da doença no país.
O presidente do Sebrae, Carlos Melles, aponta diversas razões que dificultam o acesso ao crédito, entre elas, as elevadas taxas de juros praticadas pelas instituições financeiras, o excesso de burocracia ou a falta de garantias por parte das pequenas empresas.
Os bancos empossaram os R$ 1,2 trilhão de recursos injetados pelo Banco Central para estimular a economia que já estava capenga frente à crise da Covid-19.
Após quase dois meses do anúncio de uma linha emergencial de crédito às pequenas e médias empresas para pagar salários durante a pandemia do coronavírus, os recursos não chegaram na ponta e as empresas estão com o faturamento em queda, demitindo funcionários e muitas delas fechando as portas.
Dos R$ 40 bilhões de recursos disponibilizados pelo governo federal para as empresas garantirem a folha de pagamento, apenas R$ 1,6 bilhão foram aprovados, e para capital de giro, apenas metade dos R$ 5 bilhões anunciados.
As medidas de quarentena, essenciais para conter o avanço da Covid-19, atingiram a quase totalidade dos pequenos negócios, um setor que emprega milhões de brasileiros e deveria ter uma atenção especial do governo.
Apesar da maior procura por crédito acontecer junto a bancos públicos (63%), seguidos dos bancos privados (57%) e cooperativas de crédito (10%), o estudo do Sebrae mostrou que as cooperativas de crédito lideram na concessão de empréstimos (31%) e, na sequência, aparecem os bancos privados (12%) e os bancos públicos (9%).
Segundo a pesquisa, 44% dos pequenos negócios interromperam as atividades, pois dependem do funcionamento presencial. Outros 32% mantêm funcionamento com auxílio de ferramentas digitais e 12% mantêm funcionamento, apesar de não contar com estrutura de tecnologia digital.
Apenas 11% conseguiram manter a operação sem alterações, por outras razões, entre segmentos listados como serviços essenciais.
Com faturamento em queda e sem crédito para pagamento da folha de salário, as empresas têm enorme dificuldade de manter os funcionários: 12% dos entrevistados demitiram nos últimos 30 dias; 29% das empresas suspenderam o contrato de funcionários; outros 23% deram férias coletivas; 18% reduziram a jornada de trabalho com redução de salários; e 8% reduziram salários com complemento do seguro-desemprego; alternativa permitida pela Medida Provisória 936.