Números da agência europeia que cuida das fronteiras, a Frontex, segundo os quais a entrada de imigrantes ilegais na União Europeia entre janeiro e outubro chegou a 160 mil – um crescimento de 70% em relação ao ano passado – demonstram o quão artificial é a histeria promovida na fronteira da Polônia com a Bielorrússia, diante da presença de uns poucos milhares de refugiados e candidatos a imigrantes, que querem de todo jeito chegar à Alemanha.
Na rota dos botes do Mediterrâneo Central, que sai da Líbia e Tunísia em direção à Itália, foram 55 mil imigrantes (+85% em comparação com o ano anterior).
Pela rota dos Bálcãs Ocidentais, que atravessa países da ex-Iugoslávia, e chega à Alemanha depois de cruzar a Croácia e a Eslovênia, entraram 48.500, segundo a Frontex (+140% em relação a 2020).
Através da Espanha, são duas rotas, a da África Ocidental, em direção às Ilhas Canárias, com quase 17 mil pessoas (+46% face a 2020), e a do Mediterrâneo Ocidental (via o enclave de Ceuta), com mais 16 mil pessoas (+ 14%), totalizando quase 33 mil imigrantes.
Pela recém inaugurada rota da Bielorrússia, entraram de acordo com a Frontex 8 mil imigrantes, vindos basicamente da Síria, Afeganistão e Iêmen.
A rota do Mediterrâneo Oriental, através da Turquia para a Grécia, foi a única em que houve uma redução no volume das travessias irregulares, que caíram 11% em comparação com 2020, para 15.770 – ainda assim, praticamente o dobro do que entrou via Bielorrússia.
25.700 VIA CANAL DA MANCHA
Outros números que evidenciam a desfaçatez com que se repetem acusações contra Bielorrússia são do Ministério do Interior britânico, segundo o qual o número de imigrantes que atravessam o Canal da Mancha entre a França e o Reino Unido triplicou este ano, para 25.700.
A ministra dos Assuntos Internos do Reino Unido, Priti Patel, referiu-se a uma “crise migratória global” em uma intervenção na Câmara dos Comuns, e considerou “inaceitável” o número de migrantes que saem de França procurando chegar às costas britânicas.
Só no sábado passado (20), 886 pessoas ingressaram em território inglês. Além das pessoas referidas pelas autoridades britânicas, o lado francês informa ter impedido no mesmo dia outras 466 pessoas de chegarem ao Reino Unido.
Foram as intervenções militares dos EUA no Iraque, Afeganistão, Líbia, Síria e no norte da África em geral, contando com a cumplicidade aberta dos governos europeus, que desencadearam a maior onda de refugiados desde a II Guerra Mundial.
Aos que fugiam da guerra e da destruição, se somaram os refugiados econômicos dos sucessivos pacotes impostos pelo FMI aos países africanos. Mas a mídia dos monopólios não fala sobre isso, e joga a culpa e pressão toda sobre ‘Lukashenko’.