Servidores que ocupam cargos de chefia entregaram os cargos enquanto categoria se mobiliza em repúdio aos ataques do governo Bolsonaro
Em protesto contra a postura do governo federal, que prometeu conceder reajuste apenas a policiais federais e deixou o restante do funcionalismo sem aumento salarial, ao menos 951 auditores fiscais da receita entregaram cargos de chefia na quinta-feira (30). Na semana passada, 600 auditores já haviam deixado seus cargos.
Segundo o Sindicato Nacional dos Auditores-Fiscais da Receita Federal do Brasil (Sindifisco), a adesão à paralisação da categoria ultrapassa 90% do quadro efetivo.
Conforme o Sindifisco, Bolsonaro promete reajuste aos policiais com a expectativa de fortalecer sua base eleitoral, enquanto demonstra um “absoluto desrespeito à administração tributária, que, como nunca, tem se empenhado para prover a sustentação financeira do Estado brasileiro”. A proposta do governo federal é cortar recursos da própria Receita Federal para tentar garantir os reajustes acordados com as carreiras policiais.
A entidade afirma que a regulamentação do bônus eficiência, aprovado há cinco anos, foi uma promessa “afiançada pelos ministros Ciro Nogueira e Paulo Guedes e principalmente pelo próprio presidente Jair Bolsonaro”. Agora, no entanto, no debate da peça orçamentária de 2022 no Congresso Nacional, a discussão foi para outra direção com a resistência do relator Hugo Leal (PSD-RJ) em incluir a regulamentação do bônus e o posicionamento público de Bolsonaro e Guedes de negar qualquer benefício ao funcionalismo público.
A mobilização para a paralisação dos servidores públicos de diversas categorias, além dos auditores fiscais da Receita, marcada para o início de 2022, também cresce, conforme informou a Confederação dos Trabalhadores no Serviço Público Federal (Condsef), que representa carreiras de base do funcionalismo, e o Fórum Nacional Permanente de Carreiras Típicas de Estado (Fonacate).
Representantes sindicais do funcionalismo público fizeram uma reunião emergencial, na quarta-feira (29/12), para debater o direcionamento do movimento e sobre o que pode ser feito para tentar reverter a situação.
Na reunião, as lideranças sindicais decidiram iniciar uma negociação com integrantes da categoria que formam a base do funcionalismo público, cerca de 80%, e que recebem os menores salários dentro do serviço público federal e que estão sem reajuste desde 2017.