Diversas lideranças partidárias no Senado e na Câmara criticaram os atropelos de Bolsonaro e a demissão do ministro da Saúde, Nelson Teich.
Teich anunciou sua saída do governo na sexta-feira (15) por não concordar com o uso indiscriminado da cloroquina no tratamento da Covid-19, por não ter eficácia comprovada, e pelos atropelos de Jair Bolsonaro, que liberou a abertura de academias, salões de beleza e barbearias sem consultá-lo.
Para o senador Otto Alencar, líder do PSD, “precisamos urgentemente de um bom psiquiatra para equilibrar o Bolsonaro. O Brasil não merecia isso. Ele não vai mudar. Ele quer enquadrar os protocolos da saúde à caserna, a saúde vai ter que ser enquadrada ao quartel”.
O líder do MDB, senador Eduardo Braga (AM), acredita que a demissão de Teich “eleva a temperatura” da crise no país.
“Esperamos que a escolha do futuro ministro seja orientada por critérios técnicos e que o Ministério da Saúde siga alinhado com a ciência. É fundamental a adoção de medidas rápidas e efetivas para que possamos reduzir ao máximo o impacto dessa calamidade”, completou.
A senadora Eliziane Gama (MA), líder do Cidadania, acredita que Teich “foi forçado a sair porque não concordou com a ideia irresponsável de defender o uso deliberado da cloroquina e do fim do isolamento social. É um governo contra a ciência”.
“O Covid-19 deve estar batendo palmas para o governo federal hoje. Com a pandemia em crescimento, o presidente deixa em frangalhos a sua principal estrutura de combate. Atitude impensável, incompreensível!”, comentou.
“Ninguém aguenta a inaptidão de Bolsonaro, nem os mais omissos e ineptos! Agora, quem tem que cair é o próprio Bolsonaro, um negacionista, inimigo da ciência, da saúde e da vida! Bolsonaro se aliou ao coronavírus e qualquer gestor, por pior que seja, não supera Bolsonaro! Nosso país está entregue ao caos, sem presidente, sem ministro!”, disse o senador Randolfe Rodrigues (AP), líder da Rede Sustentabilidade e da oposição no Senado.
O líder do PDT no Senado, Weverton Rocha (MA), declarou que Teich foi “o segundo ministro da Saúde a não aguentar as interferências sem sentido do presidente. Sem uma política centralizada de saúde, mais pessoas vão adoecer e morrer de Covid-19. O Brasil está à deriva”.
Major Olimpio (SP), líder do PSL, parabenizou Nelson Teich por não ter se curvado a Bolsonaro. “Lealdade é louvável, mas, subserviência é covardia. Parabéns Nelson Teich. Que venha o próximo!”.
“Teich não quis rasgar seu diploma, nem jogar fora a sua história de vida. Ele ficou do lado da ciência e do lado da medicina”, completou.
O presidente nacional do Solidariedade, deputado federal Paulo Pereira da Silva (SP), conhecido como Paulinho da Força, acredita que Teich não chegou sequer a comandar o Ministério da Saúde.
“Duvido que alguém consiga fazer o presidente aprender com a ciência e perceber que reduzir o isolamento social é colocar mais brasileiros na fila de espera por uma vaga na UTI”.
“O Brasil precisa de liderança, mas vai ser difícil encontrar um ministro que seja capaz de lidar, ao mesmo tempo, com a crise sanitária e com os impulsos de Jair Bolsonaro”, disse.
O deputado federal Marcelo Ramos (PL-AM) afirmou que, “diante das imposições do presidente, só topará ser ministro da Saúde quem não tiver compromisso com a ciência e nem com a medicina. O pedido de demissão do ministro demonstrou que ele tem”.