Só conseguiram R$ 1,6 bilhão da promessa de socorro do governo
Após quase dois meses do anúncio de uma linha emergencial de crédito às pequenas e médias empresas para pagar salários durante a pandemia do coronavírus, os recursos não chegaram na ponta e as empresas estão com o faturamento em queda, demitindo funcionários e muitas delas fechando as portas.
Dos R$ 40 bilhões de recursos para as empresas garantirem a folha de pagamento, apenas R$ 1,6 bilhão foram aprovados, e para capital de giro, apenas metade dos R$ 5 bilhões anunciados.
Na sexta-feira (15), ao divulgar os resultados financeiros do primeiro trimestre do BNDES, Gustavo Montezano apresentou o balanço das ações emergenciais de combate à Covid-19, anunciadas por Bolsonaro e Paulo Guedes em 22 de março, no início da pandemia.
O banco, que deveria ser de fomento, ficou responsável de disponibilizar duas linhas para garantir às empresas condições de enfrentar o período de quarentena, conforme orientação da Organização Mundial da Saúde e do próprio Ministério da Saúde. Quase nada de fomento foi feito.
Apoio financeiro para a suspensão das atividades não essenciais era decisivo para conter a expansão do vírus e salvar vidas.
Para isso foram disponibilizados R$ 40 bilhões (R$ 20 bilhões por mês) para o financiamento de 2 meses da folha de pagamento de pequenas e médias empresas, sendo R$ 34 bilhões oriundos do Tesouro Nacional e R$ 6 bilhões de recursos dos bancos de varejo.
Para capital de giro, o BNDES expandiu a oferta desta linha de crédito para empresas com faturamento anual de até R$ 300 milhões até 30.09.2020, com limite de financiamento de até R$ 70 milhões.
Segundo o objetivo dos dirigentes do BNDES, era oferecer “crédito rápido e flexível para empresas de todos os portes, amortecendo os impactos financeiros da pandemia sobre os empreendedores e contribuindo para a manutenção de empregos no Brasil. Pelo menos R$ 5 bilhões estarão disponíveis para apoio às MPMEs”. Era tudo connversa fiada.
Passados praticamente dois meses, o socorro às empresas e aos trabalhadores não chegou, assim como não chegou o socorro aos estados e municípios. Nesse período, o coronavírus avançou, tirando a vida de mais de 17 mil brasileiros, assim como cresceu a necessidade de ampliar as medidas de quarentena e de intervenção dos governadores para salvar vidas.
Ao divulgar o balanço do BNDES, na sexta-feira, Montezano, o amigo dos filhos de Bolsonaro, e arrombador de condomínios, disse que foram destinados R$ 97 bilhões em seis principais ações no combate à pandemia do coronavírus, desse total foram aprovados R$ 13 bilhões.
Mas, vamos aos números de Montezano, escalado por Paulo Guedes para presidir o banco de fomento. Desses R$ 97 bilhões, R$ 20 bilhões correspondem a transferência de recursos do PIS/Pasep para o FGTS – dinheiro do trabalhador, nada de novo; R$ 30 bilhões, correspondem a suspensão de financiamentos, também nenhum dinheiro novo. Desses R$ 30 bilhões, apenas um total de R$ 8,7 bilhões foram solicitados para suspensão temporária de pagamentos.
Agora vejamos o que restou de recurso efetivamente novo dentro desses 97 bilhões.
Dos R$ 40 bilhões de recursos para as pequenas e médias empresas garantirem a folha de pagamento, foram aprovados apenas R$ 1,6 bilhão. Segundo o BNDES, essa linha teria contribuído para o pagamento do salário de 460,5 mil pessoas.
Dos R$ 5 bilhões para capital de giro, foram aprovados R$ 2,3 bilhões. Dos R$ 2 bilhões emergenciais para o setor de saúde, apenas 200 milhões foram aprovados. (Veja tabela abaixo)
“Do valor mobilizado, o pagamento ficará na ordem de 50%”, afirmou Montezano na apresentação do balanço das ações contra a Covid-19. “Para a folha de pagamento a linha não chegará a 25%”, disse.
O que Montezano não falou foi das dificuldades, inúmeras, encontradas pelas empresas, desde o aumento dos juros, de prazos e na burocracia dos tecnocratas que assumiram o banco de fomento para transformá-lo numa “butique da Faria Lima”.