Juristas defenderam a formação de uma frente ampla, com pessoas de esquerda e de direita, para defender a democracia, em debate da Associação Advogados e Advogadas pela Democracia – Justiça e Cidadania (ADJC), realizado na quarta-feira (27).
Para o mediador do debate, coordenador da ADJC e deputado constituinte, Aldo Arantes, “temos que criar uma ampla frente política, porque a esquerda sozinha não consegue dar conta do recado”.
Aldo é ex-presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE). Em sua gestão (1961), Aldo levou o Centro Popular de Cultura (CPC) aos Estados através da “UNE Volante”.
O ex-deputado constituinte enfatizou que não é uma frente de esquerda, mas “uma frente democrática. Temos que atrair todos os setores que estão contra o Bolsonaro, inclusive os que já foram, um dia, atraídos por ele. O caráter da frente é democrático”.
“A tarefa é derrubar o Bolsonaro”, disse.
Com o tema “A advocacia na luta pela vida, pela democracia e pela Constituição de 1988”, os debatedores foram Hélio Leitão, presidente da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), Alessandra Camarano, presidente da Associação Brasileira de Advogados Trabalhistas (ABRAT), e Luiz Viana, vice-presidente nacional da OAB.
Hélio, que abriu as falas, acredita que “a questão que está colocada hoje no Brasil não se resume às visões de mundo que animam os setores da direita e da esquerda. A questão é civilização ou barbárie; império do direito ou autoritarismo. Essa é a discussão que precisa ser travada”.
“Isso exige das lideranças políticas do país que ponham de lado as diferenças políticas, pôr nas geladeiras as divergências, e buscar valorizar as convergências”.
As pessoas comprometidas com a democracia “têm a tarefa de cerrar fileiras em defesa da Democracia no Brasil”.
Alessanda Camarano afirmou que “mais do que nunca, nós nos devemos apegar às normas constitucionais”. “Não é esquerda ou direita, é democrata”.
“Devemos defender o Estado com papel social, para que não haja um aprofundamento da desigualdade social”, continuou.
A jurista defendeu que, quando chegar a hora de retomar a economia, os direitos trabalhistas e os salários devem ser valorizados. “O trabalhador é quem gasta, é quem faz a economia girar”, afirmou.
Luiz Viana, que participou do debate no lugar do presidente da OAB, Felipe Santa Cruz, porque este teve problemas de conexão, disse que “neste momento, é preciso fazer todos os enfrentamentos que precisam ser feitos para defender a democracia. Não é um conflito de esquerda-direita”.
A defesa da democracia “pode nos unir, apesar das diferentes posições que nós temos”. A OAB deve defender “direitos fundamentais”, comentou.
“O projeto e o programa [do governo Bolsonaro] é dito de forma clara que é de destruição, não de construção”.
“Essa tentativa de Bolsonaro de dizer que ou salva as vidas ou a economia, e aí ele escolhe pela economia, é uma simplificação que não é tola. Ele utiliza da polarização tendo em vista seus interesses políticos pessoais”.
O jurista disse ter ficado “de queixo caído com a reunião ministerial” do governo Bolsonaro que foi tornada pública pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
“É inacreditável que, durante a pandemia, uma reunião ministerial não tenha sequer discutido essa questão ou elaborado políticas públicas para combater o coronavírus”, completou.