
Em imagens que vêm viralizando nas redes sociais, policiais em muitos locais dos Estados Unidos têm aceitado os pedidos dos manifestantes, que reivindicam que eles também se ajoelhem num gesto de homenagem a George Floyd, o cidadão negro que por mais de 8 minutos foi asfixiado ao ser preso em Minneapolis na semana passada, o que desencadeou a maior onda de revolta contra o racismo no país em duas décadas.
Logo após o assassinato, o ídolo do basquete, LeBron James, havia chamado a atenção para o contraste desses dois atos, o ajoelhar, do jogador de futebol americano Colin Kaepernick, que se tornou símbolo de repúdio ao brutal racismo que segue imperando nos EUA, e o ajoelhar do policial Chauvin, asfixiando um negro, por nada, apenas por matar, um eco de um passado de escravidão, tortura e segregação racial.
Policiais em Coral Gables, na Flórida, prestaram uma homenagem a Floyd, ajoelhando. Na costa oeste, em Spokane, no estado de Washington, uma fileira de policiais também ajoelhou.
Eles acompanhavam uma manifestação que exigia justiça e que repetiu o gesto de Colin, com a multidão pedindo aos policiais sua solidariedade.
O pessoal do movimento ‘Vidas de Negros Importam’ relatou que a princípio os policiais hesitaram, mas o estímulo da multidão foi recompensado e os policiais foram muito aplaudidos e ouviram palavras de agradecimento ditas com emoção.

Em Houston, cidade natal de Floyd, o chefe de polícia Art Acevedo também se ajoelhou junto com os manifestantes. Gestos assim se repetiram em Nova Iorque, Califórnia, Missouri, Oregon, Iowa, Kentucky e Virginia.
Acevedo disse à CNN que deseja fornecer uma escolta policial ao corpo da vítima quando este voltar para a Houston para ser enterrado. “Será muito importante para a nossa cidade trazê-lo de volta para casa”, disse Acevedo.
“Queremos garantir que sua família esteja segura, que a mobilização esteja segura”, acrescentou. Ele também deplorou a violência policial.
Também o chefe de polícia de Santa Cruz, na Califórnia, ajoelhou em homenagem a Floyd e em solidariedade com aqueles que, como disse Ângela Davis, acreditam que não basta ser “não-racista”, é preciso ser “antirracista”.
Na cidade de Nova Iorque, um policial foi visto, no domingo (31) ajoelhado em frente a um coração desenhado em uma parede durante uma manifestação contra o racismo perto da Times Square.
Na segunda maior cidade do estado de Kentucky, Lexington, a mesma cena se repetiu: policiais se ajoelhando, em respeito à dor de tantos diante do racismo, assim como em Portland, maior cidade de Oregon, ou em Ferguson, Missouri.
Em Flint, no estado de Michigan, o xerife e seus agentes marcharam junto com os manifestantes, se declarando “também indignados”.
Em Nova Jersey, no condado de Camden, o delegado Joseph Wysocki e auxiliares marcharam ao lado de moradores no sábado (30), e ajudaram a empunhar uma faixa no protesto contra a brutal morte do cidadão negro.
O ato mereceu elogio do governador do Estado, o democrata Phil Murphy. “Ontem em Nova Jersey, os manifestantes marcharam lado a lado com oficiais da lei, em uma manifestação pacífica contra o racismo estrutural e a violência policial. Nós podemos – precisamos – marchar juntos em direção à justiça”, ele postou.