Marcelo Odebrecht entregou documentos que comprovam a propina de R$ 4 milhões ao Instituto Lula, debitados de um total de R$ 15 milhões da planilha “Italiano”, feita pelo Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propina da empreiteira. O empreiteiro entregou à PF e-mails e notas fiscais que confirmam também as declarações de Palocci, que revelou as propinas da Odebrecht.
Odebrecht prova com documentos propina de R$ 4 milhões destinada ao Instituto Lula
Marcelo Odebrecht entregou à Polícia Federal documentos que comprovam que doações feitas de maneira aparentemente oficiais ao Instituto Lula, na verdade, saíram mesmo do Setor de Operações Estruturadas, o departamento de propinas da empreiteira. Os documentos, segundo ele, só encontrados agora, são recibos do Instituto Lula num total de R$ 4 milhões e um email trocado entre ele e Alexandrino Alencar com cópia para Hilberto Silva, chefe do setor de propinas da empreiteira, em 26 de novembro de 2013.
O conteúdo do email de Marcelo anexado no final de agosto ao inquérito que investiga suspeita de propinas pagas ao Instituto Lula por meio de palestras do petista (via Lils Palestras e Eventos), fala por si mesmo: “Italiano disse que o japonês vai lhe procurar para um apoio formal ao Inst. de 4M (não sabe se tudo esse ano, ou 2 esse ano e 2 do outro). Vai sair de um saldo que o amigo de meu pai ainda tem comigo de 14 (coordenar com HS no que tange ao crédito) mas com MP no que tange ao discurso pois será formal”. Em outro email de Hilberto Silva para Alexandrino, com cópia para Fernando Migliaccio, ele reclama que está tentando controlar a conta que, segundo ele, “está uma suruba”.
Marcelo apresentou também as cópias dos recibos de quatro parcelas da doação ao Instituto Lula, cada uma no valor de R$ 1 milhão. “As cópias desses recibos foram extraídas do computador de Fernando Migliaccio (ex-executivo da construtora), com os impressos dos e-mails, o que corrobora que os valores foram efetivamente descontados da planilha Italiano, senão não haveria razão para estar de posse dele”, relatou o empresário.
Migliaccio era um dos chefes do departamento de propinas da empreiteira. Em depoimento ao juiz Herman Benjamin, relator da ação contra a chapa Dilma Rousseff (PT), presidente, e Michel Temer (PMDB), vice, de 2014, ele confessou que chegou a entregar um total de R$ 30 milhões em espécie num só dia. “(…) devido à pressão e à demanda, teve um dia que eu fiz 30 milhões. Então, a gente dividia em tranches para não passar de 500”, afirmou Migliaccio, ao ministro do TSE.
O novo depoimento de Marcelo corrobora as informações que o ex-homem de confiança de Lula, Antônio Palocci, deu ao juiz Sérgio Moro, em seu depoimento ocorrido no dia 6 de setembro. O ex-ministro confessou a Moro ser o “Italiano”. Segundo Palocci, que está em processo de acordo de delação com a força-tarefa em Curitiba, Emílio Odebrecht, pai de Marcelo, e o ex-presidente selaram um “pacto de sangue” com repasses de R$ 300 milhões ao PT, durante os governos Lula e Dilma Rousseff.
Marcelo decifrou as siglas do email. Segundo ele, “Japonês” correspondia a Paulo Okamotto, presidente do Instituto Lula. A palavra “inst”, disse, significava Instituto Lula e “4m” era uma referência ao valor de R$ 4 milhões. Marcelo também afirmou que “HS” são as iniciais de Hilberto Silva, ex-executivo da empreiteira. Marcelo afirmou ainda que os pagamentos a Lula acertados com seu pai não se limitaram aos registrados no codinome “Amigo” do total de R$ 15 milhões da planilha de propinas “Italiano”.