No nono dia dos protestos nos EUA contra o linchamento do cidadão negro George Floyd por policiais, o procurador-geral de Minnesota, Keith Ellison, anunciou na quarta-feira (3) que o ex-agente Derek Chauvin – o do joelho asfixiando o ex-segurança já dominado e algemado -, teve sua acusação aumentada para homicídio em segundo grau (assassinato intencional não premeditado)
Também os três demais ex-policiais envolvidos – que não haviam recebido antes qualquer acusação – foram incriminados por ajudar e favorecer o assassinato. Thomas Lane, J. Kueng – esses dois, co-partícipes na agressão a Floyd – e Tou Thao, que ficou dando cobertura, também tiveram a prisão decretada.
Até aqui, a acusação contra Chauvin era de homicídio culposo (quando não há a intenção de matar) e assassinato em terceiro grau (quando o responsável pela morte atuou de forma irresponsável ou imprudente).
Em pleno feriado do Memorial Day, que homenageia os norte-americanos mortos em guerra, 25 de maio, Floyd foi sufocado até à morte por policiais, apesar de suplicar que “não consigo respirar”, pedir “por favor”, até sucumbir, enquanto espectadores apelavam aos agentes da lei para que parassem. A polícia tinha ido até o local para verificar suposta tentativa de pagar comida com uma nota falsa de 20 dólares.
A decisão atende ao pedido da família de Floyd, que vinha exigindo que Chauvin fosse acusado de homicídio em primeiro grau (com intenção de matar) e que os outros três cúmplices também fossem indiciados e presos.
A família agradeceu à decisão, que foi tomada após a divulgação de dois novos laudos de autópsia, confirmando que houve asfixia do ex-segurança. Um assinado por dois renomados legistas independentes e outro, de autoria do serviço forense do condado de que Minneapolis faz parte.
Em meio à tristeza pela absurda morte de Floyd, esse avanço nas acusações, para que a justiça seja feita, é um “momento agridoce”, nas palavras do advogado dos familiares, Ben Crump.
Ele relatou ainda, que o procurador-geral se mantém aberto a que, caso surjam novas evidências, seja apreciada a elevação da acusação contra Chauvin para homicídio em primeiro grau.
Com a mudança de acusação já feita, Chauvin, que antes poderia ser condenado a até 25 anos de prisão, agora poderá pegar até 40 anos.
O resultado preliminar da autópsia, de responsabilidade das autoridades da cidade, negava a asfixia, atribuía a morte a condições de saúde pré-existentes de Floyd e insinuava ingestão de drogas.
Ainda assim, registrava que Chauvin havia mantido o joelho pressionando a nuca de Floyd por 8 minutos e 46 segundos, sendo que quase três minutos após um dos policiais verificar o pulso da vítima e dizer que “não estava respondendo”.
A autópsia independente reiterou que a causa da morte foi homicídio decorrente da pressão do joelho sobre o pescoço da vítima ter impedido o fluxo de sangue e oxigênio para o cérebro, agravado pela pressão dos joelhos de outros dois policiais sobre as costas dela, impedindo que o ar chegasse aos pulmões.
O que ficava patente em outro vídeo divulgado, que mostrava a cena por outro ângulo, e mostrava que Floyd havia ficado sob o joelho dos três policiais, um sobre a nuca e os outros dois sobre as costas.
A autópsia independente também concluiu que Floyd foi morto no próprio local e, como disse Crump, a ambulância foi só “seu carro fúnebre”.
A autópsia do condado considerou que Floyd morreu por “parada cardiopulmonar agravada pela compressão do pescoço a que foi submetido enquanto estava restrito pela ação policial”.
Reportagem da NBC denunciou que, desde 2015, a polícia de Minneapolis usou o estrangulamento com joelho 44 vezes, apesar de, formalmente, ser uma prática proibida.
Vídeo do dia 31 mostrou um policial de Seattle também apertando o pescoço de outro cidadão negro com o joelho, mas felizmente esse sobreviveu, porque outros policiais interferiram para deter a agressão.