A jornalista Patrícia Campos Mello, da Folha de S. Paulo, abriu um processo contra o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL-SP) por danos morais.
Em março, Patrícia também entrou com um processo contra Jair Bolsonaro.
O filho de Jair Bolsonaro disse que Patrícia “fez fake news” e “tentou seduzir” Hans River.
Hans River é ex-funcionário da Yacows, uma agência de disparo de mensagens em massa, e estava fornecendo informações para Patrícia em uma matéria sobre o uso ilegal dos disparos durante as eleições de 2018, em benefício da campanha de Bolsonaro.
A Folha publicou imagens da conversa de Patrícia e Hans que mostram que foi ele quem a convidou para sair – e ela ignorou a proposta.
Eduardo Bolsonaro, durante transmissão ao vivo, disse que a jornalista Patrícia Campos Mello “fez a fake news de 2018, para interferir na eleição presidencial, entre o primeiro e segundo turno, e o que ela ganhou de brinde? Foi morar no Estados Unidos, correspondente, né? Acho que da Folha de S. Paulo, lá nos Estados Unidos”.
A live foi ao ar pelo canal do YouTube Terça Livre TV em 27 de maio.
“Essa Patrícia Campos Mello, que, vale lembrar, tentou seduzir o Hans River. Não venha me dizer que é só homem que assedia mulher não, mulher assedia homem, tá. Tentando fazer uma insinuação sexual para obter uma vantagem, de entrar na casa do Hans River, ter acesso ao laptop dele e tentar ali, achar alguma coisa contra o Jair Bolsonaro, que não achou”, continuou.
Para a defesa de Patrícia, “a leviana, repugnante e machista afirmativa sobre seu trabalho atinge todas as mulheres, pois menospreza a atividade profissional desenvolvida e incita que violências de toda sorte sejam cometidas”.
Pouco antes da matéria ser publicada, Hans voltou atrás e pediu para “retirar tudo o que eu falei até agora, não contem mais comigo”.
Chamado para depor na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, Hans mentiu e disse que nunca enviou material algum para Patrícia e que ela tinha se “insinuado sexualmente” para obter informações.
No processo contra Eduardo, Patrícia Mello argumenta que “o depoimento de Hans já foi desmentido por diversas oportunidades, pública e imediatamente. Tanto isso é verdade que Hans foi denunciado por falso testemunho, de modo que nada justifica que o réu [Eduardo Bolsonaro] (e os demais contra os quais moveu processo) siga propagando mentiras vexatórias a seu respeito”.
Logo depois do depoimento de Hans na CPMI, o filho de Bolsonaro reproduziu a versão dele. “Eu não duvido que a senhora Patrícia Campos Mello, jornalista da Folha, possa ter se insinuado sexualmente, como disse o senhor Hans, em troca de informações para tentar prejudicar a campanha do presidente Jair Bolsonaro”.
A defesa de Patrícia alegou que “embora já desmentido o fato, o deputado vem a público para reiterar a infâmia e causar dano moral à jornalista. Esse é o modo pelo qual essas pessoas se vingam do trabalho sério e comprometido da imprensa. Cabe agora ao Judiciário a decisão sobre os danos cometidos”
Jair Bolsonaro também atacou a jornalista no ano passado, após o depoimento de Hans na comissão. “Ela queria dar um furo. Ela queria dar um furo [pausa, pessoas riem] a qualquer preço contra mim”, disse.
No processo aberto contra Jair Bolsonaro, a defesa de Patrícia argumenta que os danos sofridos “são gravíssimos, podendo ser facilmente constatados diante do assédio sem precedentes sofrido por ela após a manifestação do presidente”.