ISO SENDACZ (*)
Ontem o Presidente da República isolou-se um pouco mais. Não socialmente, como lhe cabe dar o exemplo a uma sociedade que chora mortes capazes de lotar um estádio de futebol, mas no plano político.
Não se trata, principalmente, da localização, pela polícia, de um de seus mais próximos colaboradores, embora essa “perda” também deva ser considerada por ele. Na mesma semana, uma outra apoiadora, homônima da famosa espiã nazista, também foi parar atrás das grades por lhe imitar antigos atos terroristas de baixa potência.
A saída do ex-Ministro da “educassão” representa um ganho para as crianças e jovens, que talvez possam conhecer agora a verdadeira forma do planeta em que vivemos. Se na Saúde, em plena pandemia e após curto mandato de um médico civil e várias recusas de outros convidados, estamos há mais de um mês na interinidade, o que ocorrerá com a produção de conhecimento e sua transmissão às novas gerações?
Por larga margem, o STF entendeu que Weintraub deve ser investigado junto com outros possíveis falsificadores da verdade no inquérito conhecido como “das fake news“. Cada magistrado formou a sua convicção, mas certamente a propagação da ideia de que a terra é plana e alguns memes nazistas pesou em algum recanto das peças processuais.
O sujeito foi indicado para trabalhar no Banco Mundial, na sede dos EUA, já que, como lembrou Rodrigo Maia, tem currículo no Banco Votorantim. Um passaporte para ficar fora do país durante e na conclusão do inquérito a que responde.
Há quem diga que o prejuízo ao país seja menor se ele ficar por lá, mas há sério risco de imagem se os 250 mil dólares anuais de salários lhe derem alguma cancha de ação para repetir sua conduta pretérita.
Se a autoridade monetária internacional precisa da contribuição do Brasil, estaria melhor servida com funcionários de Estado comprometidos com o uso das finanças para o desenvolvimento equilibrado do planeta.
(*) Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central e do Instituto Cultural Israelita Brasileiro, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.