“E por que estava naquela região de São Paulo? Porque é perto do hospital onde faz tratamento de câncer”, disse o presidente. Só que o Albert Einstein, onde ele se tratava, fica a 90 quilômetros de Atibaia
Jair Bolsonaro usou a sua live das quintas-feiras para jurar que não é advogado de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio, preso na quinta-feira (18), na casa de Frederick Wassef, em Atibaia (SP), mas apresentou várias versões para tentar justificar a presença dele na casa de Wassef. Disse até que Queiroz estava ali para se tratar, coitado.
Uma das perguntas mais famosas do Brasil era “onde está Queiroz?”. Segundo o porteiro da casa de Wassef, ele estava escondido ali na casa do causídico já faz um ano. Testemunhas o viram até fazendo churrasco com a camisa do Vasco, além de outras estrepolias.
Bolsonaro garante que ele não estava foragido, mas ninguém sabia onde ele se encontrava.
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Segundo sua mulher, que teve algumas mensagens interceptadas pela polícia, “mesmo escondido, ele continuava cuidando de tudo”. Esse foi, inclusive, o motivo da prisão. Ele e sua mulher estavam tentando apagar provas e obstruir a ação da Justiça.
Segundo o Ministério Público, funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro estavam tentando adulterar folhas de ponto correspondentes ao período investigado e foram, inclusive, afastados de suas funções. Testemunhas estavam deixando de depor, certamente por pressões exercidas pelo antigo chefe do esquema de lavagem de dinheiro.
Apesar dessas evidências de que Queiroz seguiu cometendo crimes, inclusive de obstrução de Justiça, Bolsonaro saiu em sua defesa.
“Queiroz não estava foragido e não havia nenhum mandado de prisão contra ele”. “E por que estava naquela região de São Paulo? Porque é perto do hospital onde faz tratamento de câncer. Então, esse é o quadro”, justificou Bolsonaro.
O presidente resolveu atacar a ação dos Ministérios Públicos do Rio e de São Paulo que, com apoio das polícias dos dois estados, executaram a captura de Fabrício Queiroz. Disse que foi um exagero.
“E foi feita uma prisão espetaculosa”, disse ele em tom de crítica. “Ele já deve estar no Rio de Janeiro, deve estar sendo assistido por um advogado e que a Justiça siga o seu caminho, mas, parecia que estavam prendendo o maior bandido da face da terra”, reclamou.
Bolsonaro mostrou-se bastante abalado com a prisão do “pequeno bandido” dos velhos tempos e falou praticamente em nome de Queiroz. “Que a Justiça siga o seu caminho, repito, não estava foragido e não tinha nenhum mandado de prisão contra ele e, tranquilamente, se tivessem pedido ao advogado, creio eu, acredito, o comparecimento dele a qualquer local, ele teria comparecido”, disse o presidente.
Ao justificar a presença de Queiroz em Atibaia pelo suposto tratamento médico, Bolsonaro mostrou que sabia, então, do paradeiro do ex-auxiliar do filho.
Num primeiro momento se pensou que somente Frederick Wassef sabia do plano de acoitar o meliante em sua casa, enquanto dizia, em entrevistas, que não sabia onde ele estava. Mas, não. Ao que parece, as diversas visitas de Wassef ao presidente no Planalto e no Alvorada, serviam também para colocar as informações em dia.
Há também um outro problema na linha de defesa elaborada por Bolsonaro para justificar a presença de Queiroz em Atibaia. Os investigadores do caso não identificaram deslocamentos constantes dele para hospitais. O Hospital Novo Atibaia emitiu nota esclarecendo que ele não se tratava ali.
“O Hospital Novo Atibaia esclarece que Fabrício Queiroz, preso na manhã de ontem em Atibaia, não estava em tratamento de saúde contínuo nesta instituição como consequência de uma doença progressiva. Em janeiro e abril deste ano, o mesmo esteve no Hospital Novo Atibaia em consultas de especialidades diferentes e, em maio, realizou exames laboratoriais”, disse.
Pior ainda, o tratamento de Queiroz, que se saiba, estava sendo feito no Hospital Albert Einstein, que fica localizado no Morumbi, Zona Oeste de São Paulo. Ou seja, o hospital onde Queiroz supostamente estaria fazendo acompanhamento, fica a 90 quilômetros da casa onde ele foi encontrado.
O argumento que Bolsonaro arranjou para justificar a presença de Queiroz na casa de Wassef não tem o menor fundamento.
Nem o advogado, Frederick Wassef, um cara de pau, e um gângster, como assinalou Merval Pereira, em artigo no Globo desta sexta-feira (19), conseguiu inventar a história do “tratamento médico” para explicar porque Queiroz estava escondido em sua casa.
Bolsonaro certamente era informado acerca do esconderijo do Fabrício Qeuiroz, pelo seu advogado Federick Wassef, isto é fato e contra os fatos não há argumento. Já pessou se não viverssemos em uma democracia e os interrogatórios fossem feitos por torturadores sitados e admirados por você Bolsonaro, o que o Queiroz confessaria imaginamos, mais graças a Deus vivemos em um Estado de Direito onde a Constituição é o caminho para se chega a verdade, que está acima de todos.