ISO SENDACZ (*)
Um dos mais destacados escritores em língua idiche de todos os tempos sem dúvida foi Scholem Aleichem, nome artístico cuja tradução intitula estas notas. Em sua homenagem, a escola do Instituto Cultural Israelita Brasileiro que funcionou na Casa do Povo leva o seu nome.
Desde que Oswaldo Aranha bateu o martelo na Assembleia da ONU de 1947, o desejo de paz entre os povos vizinhos no médio oriente ocupa as mentes de cada um de nós. Lembro-me da visita a Jerusalém em 1977, quando os jovens de 16 anos cantávamos “quando vier a paz, viajaremos de trem para Damasco”, mas muitas guerras depois o litígio segue tenso por lá.
Recebemos pela tradução da boa amiga Leny Ben Shimol um artigo em que Michael Mankin analisa as questões atuais há muito definidas pelas Nações Unidas: dois povos, dois Estados.
O autor expressa que esse é o caminho que condiz com os ideais sionistas: cada e todas as Nações – compostas de povo, língua e solo pátrios – têm o direito de se organizar segundo a sua cultura, em Estado Democrático de Direito.
Nesse sentido, as teses de incorporação definitiva do território palestino, que têm força no presente parlamento israelense, seriam, além de antissionistas por colocar em risco a existência perene de um Estado Nacional judeu, afrontosas à própria Declaração de Independência de Israel.
Mankin avalia três posturas, sendo a proativa por ele considerada a mais coerente: uma combinação de transferência progressiva das instalações militares israelenses da Cisjordânia para outras áreas com ampliação do incentivo ao desenvolvimento econômico dos palestinos enquanto as lentas negociações de paz ocorrem seria o melhor caminho, ante a contenção da anexação ou a mera espera de um acordo.
Israel continuaria funcionando no território ocupado, mas no sentido de cuidar da segurança de todos – inclusive a de seus próprios cidadãos – e promover crescentemente a autonomia da vida palestina. Sem novas colônia e menos ainda destruição de cidades e acampamento locais. A cada colono que desejar voltar a Israel depois da Declaração de Independência da Palestina uma indenização seria assegurada.
As Nações são uma invenção humana, cuja construção soberana é uma etapa da nossa evolução para superar a predação de umas tribos por outras, de mesma ou diversas nacionalidades. No futuro, o melhor da cultura, da ciência e da técnica merecerão o compartilhamento fraterno entre todos, abolindo essa característica única que temos de matar o próprio semelhante.
Scholem Aleichem! Que a Paz seja convosco!
(*) Engenheiro Mecânico pela EESC-USP, Especialista aposentado do Banco Central, diretor do Sindicato Nacional dos Funcionários do Banco Central e do Instituto Cultural Israelita Brasileiro, membro da direção estadual paulista do Partido Comunista do Brasil. Nascido no Bom Retiro, São Paulo, mora em Santos.