O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), apontou a necessidade de que a procedência dos recursos que financiam a infraestrutura e as peças de divulgação dos atos antidemocráticos, promovidos por grupos bolsonaristas, seja rastreada.
O ministro destacou ser visível a mobilização de recursos financeiros na realização das manifestações. “Pode haver abusos e crimes que precisam ser apurados a partir do esclarecimento do modo de funcionamento estruturado e economicamente rentável de uma escalada de organização e agrupamento com pretensões aparentes de execução de ações contra a ordem constitucional e o Estado Democrático e provocação das Forças Armadas ao descumprimento de sua missão constitucional”, avaliou.
Em sua decisão sobre a retirada do sigilo do inquérito 4.828, que investiga as manifestações, o ministro diz que “há participação de parlamentares tanto na expressão e formulação de mensagens, quanto na sua propagação e visibilidade, quanto no convívio e financiamento de profissionais na área”.
A Procuradoria-Geral da República (PGR) identificou que os deputados Bia Kicis (PSL-DF), Guiga Peixoto (PSL-SP), Aline Sleutjes (PSL-PR) e General Girão (PSL-RN) usaram recursos da cota parlamentar para apoiar as manifestações golpistas contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o Congresso Nacional.
De acordo com o jornal “O Globo”, eles teriam repassado um total de R$ 30,3 mil para a Inclutech Tecnlogia, empresa de Sérgio Lima, marqueteiro do Aliança pelo Brasil, partido que está sendo criado pelo presidente Jair Bolsonaro. A empresa é suspeita de produzir conteúdos para divulgação de atos.
Segundo Alexandre de Moraes, é urgente o entendimento sobre a origem da verba que organiza, divulga e mantém a “infraestrutura de carros de som e peças de propaganda mais profissionais qual grandes bandeiras, grandes faixas e outras peças não amadoras” dos atos.
Para o magistrado, interessa verificar a procedência dos recursos que financiam as aquisições, locações e eventualmente viagens e alimentação de manifestantes e de onde partem as propostas de manifestações e como elas são propagadas ao seu público-alvo.