O Hospital Albert Einstein enviou comunicado ao corpo médico, na quinta-feira (25), proibindo a prescrição de cloroquina para o tratamento de Covid-19. O hospital informou que nunca teve protocolo para uso da cloroquina, somente receitado na modalidade conhecida como “off label”, quando o medicamento é usado fora do que é indicado na bula.
Segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), “o uso off label de um medicamento é feito por conta e risco do médico que o prescreve, e pode eventualmente vir a caracterizar um erro médico, mas em grande parte das vezes trata-se de uso essencialmente correto, apenas ainda não aprovado.”.
A Anvisa diz ainda que “há casos mesmo em que esta indicação nunca será aprovada por uma agência reguladora, como em doenças raras cujo tratamento medicamentoso só é respaldado por séries de casos. Tais indicações possivelmente nunca constarão da bula do medicamento porque jamais serão estudadas por ensaios clínicos.”
Essa possibilidade em que o medicamento poderia ser receitado na relação médico-paciente, agora está proibido pela gestão do Hospital.
O remédio é usado no tratamento de outras doenças, como malária e amebíase hepática, além do controle de lúpus e artrite reumatoide.
O infectologista do Hospital Universitário da USP, Gerson Salvador, afirmou ao HP quando no episódio em que o presidente tentava alterar a bula do fármaco, que a atitude de Bolsonaro em relação à cloroquina é uma forma de fugir de sua responsabilidade pelas mortes que estão ocorrendo no país. “O Brasil está com uma das piores respostas do mundo em relação à pandemia de Covid-19, com um número crescente de casos e de óbitos, com uma curva acelerada e descontrolada”, avaliou Salvador.
“A cloroquina é um medicamento que só funcionou em laboratório. Quando foi testada em população humana até o presente momento não funcionou, inclusive tem potenciais efeitos graves como arritmias cardíacas que podem levar as pessoas à morte. Jair Bolsonaro está usando a cloroquina como uma cortina de fumaça para desviar o foco do debate. A história vai julgar Bolsonaro e eu espero que a sociedade brasileira o faça antes disso. De fato, ele tem praticado uma política de extermínio”, apontou o especialista.