O presidente Trump retuitou, no domingo, um vídeo de um de seus apoiadores gritando “White Power” (“Poder Branco”) – uma palavra de ordem dos supremacistas brancos -, estimulando o preconceito, a violência racial em meio a semanas de levante nacional contra o racismo e a desigualdade social em manifestações que atravessam os Estados Unidos de norte a sul e de costa a costa.
No vídeo, o homem ergue um cartaz com dizeres “Trump 2020” e “América First” (América antes de tudo).
Com a indignação nas redes sociais com a mensagem reforçada pelas plataformas presidenciais, Trump a retirou depois dela permanecer postada por mais de três horas.
Antes de retuitar a mensagem, Trump escreveu: “A esquerda radical não é capaz de nada e os democratas vão cair no outono”.
A postagem é mais uma das muitas mensagens que Trump anda divulgando com comentários intolerantes de seus seguidores.
Tim Scott, da Carolina do Sul, o único senador republicano negro denunciou o vídeo como “ofensivo”, ao pedir para Trump que o retirasse.
“Não há o que questionar, ele não deveria ter feito isso e deveria simplesmente ter apagado. Aqui não se trata de afinidade política ou não, isso é indefensável”, disse o senador.
O senador Scott fez estes comentários em um programa da CNN e foi pouco depois destas condenações públicas que o post foi retirado.
Judd Deere, porta-voz da Casa Branca, disse que Trump “não ouviu a declaração feita no vídeo. O que ele viu foi o tremendo entusiasmo de seus apoiadores”.
John R. Bolton, o ex-assessor de Segurança Nacional de Trump e que acaba de lançar um livro onde chama Trump de “errático, tonto e mal preparado”, aventou duas possibilidades. A primeira de que o presidente “não considera as implicações das informações que lhe chegam”.
A segunda seria que “ele viu o conteúdo racista e retuitou para promover a mensagem”.
“Seria uma conclusão plausível”, disse Bolton.
Em maio quando os protestos eclodiram após a morte por asfixia de George Floyd, Trump divulgou a mensagem: “Quando os saques começam, os tiros começam”. Uma fala do chefe de polícia de Miami, Walter Headley, sobre a atuação da polícia em sua cidade. No depoimento Headley acrescentou então que não se importava de que a polícia de Miami fosse acusada de brutalidade. Mostrando o cunho racista de suas expressões, Headley acrescentou que jovens negros “se aproveitavam do movimento pelos direitos civis para fazer saques”.
Uma análise da conta de Twitter de Trump pelo jornal New York Times, ao final do ano passado, revelou que ele retuitou pelo menos 145 mensagens de conteúdo “racista ou conspiracional”, incluindo mais de 20 que foram depois deletadas pelo Twitter.