“Jamais vivemos uma crise como essa. Em alguns países como no Reino Unido e nos Estados Unidos, os governos criaram pacotes especiais de ajuda para o setor. Aqui será fundamental que isso ocorra o quanto antes, sob pena de aumentar o desemprego e a falência de muitas empresas”, afirmou Cristiano Melles, presidente da Associação Nacional dos Restaurantes
Uma pesquisa divulgada pela Associação Nacional dos Restaurantes (ANR) aponta que 35% dos bares e restaurantes com mais de uma unidade já fecharam lojas durante a pandemia da Covid-19 para não mais reabrir. Outros 15% acreditam que não vão conseguir manter o seu negócio após a pandemia.
A pesquisa, que foi feita entre os dias 5 e 17 de junho, também apontou que 76% das empresas que buscaram novas linhas de crédito para financiar o negócio tiveram suas propostas recusadas pelos bancos.
A associação estima que o setor já demitiu 1,3 milhão de pessoas desde o começo da pandemia, destes, 600 mil vagas foram fechadas apenas em São Paulo. Segundo a sondagem, 76% dos entrevistados afirmaram que fizeram uso da Medida Provisória (MP) 936, editada pelo governo Bolsonaro, que permite a redução de salários e jornadas e suspensão de contratos durante a pandemia.
Para o presidente da ANR, Cristiano Melles, a MP 936, que sofreu mudanças no Congresso Nacional e a nova redação está para sanção da Presidência da República, ajuda a aliviar parcialmente o problema das empresas, mas diz que o governo deve estudar mais um pacote de medidas especialmente para bares e restaurantes.
“Jamais vivemos uma crise como essa. Em alguns países como no Reino Unido e nos Estados Unidos, os governos criaram pacotes especiais de ajuda para o setor. Aqui será fundamental que isso ocorra o quanto antes, sob pena de aumentar o desemprego e a falência de muitas empresas”, afirmou Melles.
Na mesma linha, o presidente da Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Percival Maricato, defende que o setor precisa de mais incentivos do governo ao acesso ao crédito.
“Mesmo com esse último programa (Pronampe), ainda há restrição de faturamento, e a maioria não receberá a ajuda. Sem contar as exigências de garantias, que ainda limitam o acesso ao crédito. Isso é um problema tão relevante quanto a retomada. É preciso financiamento para reposição de estoque, recontratação de funcionário e para que o empresário consiga colocar toda essa engrenagem para funcionar”, defendeu Maricato em entrevista à Folha SP.
O governo lançou no início deste mês, quase 3 meses após o início da pandemia, o Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) que prevê crédito de R$ 15,9 bilhões como ajuda à micro e pequenas empresas e Microempreendedores Individuais (MEIs), com receita bruta de até R$ 4,8 milhões ao ano. Desde o dia 21 deste mês, a Caixa Econômica Federal já iniciou a liberação de R$ 3 bilhões para micro e pequenas empresas optantes do Simples Nacional, e na última terça-feira (23), o banco público começou a dispor a linha de crédito para não optantes do Simples. Os Microempreendedores Individuais (MEI) poderão buscar o auxílio a partir de 30 de junho.
A maioria dos grandes bancos privados interessados em aderir ao Pronampe só deverá começar a disponibilizar as linhas do programa em 15 de julho, segundo informou o assessor especial do Ministério da Economia, Guilherme Afif Domingos, em uma live promovida pela Associação Comercial de Sorocaba.