O blogueiro bolsonarista Oswaldo Eustáquio Filho, preso em Campo Grande no dia 26 de junho durante a Operação Lume, que apura financiamento e organização de protestos pedindo a volta da ditadura militar, fechamento do Congresso Nacional entre outros ataques à Constituição, negou que tenha participado de manifestações antidemocráticas e incentivado atos contra o Supremo Tribunal Federal (STF) e o legislativo.
Em depoimento à Polícia Federal de Brasília, na última quinta-feira (2), ele atribuiu a “infiltrados” ofensas dirigidas ao ministro Alexandre de Moraes, relator do inquérito dos atos golpistas no Supremo.
“[Eustáquio] afirma que as pessoas que proferiram tais falas não pertencem a nenhum movimento conhecido pelo declarante, que tais pessoas foram identificadas pelo movimento como infiltrados; que as pessoas se referiam ao ministro do STF Alexandre de Moraes como ‘cabeça de ovo’, ‘cabeça da minha piroca’ e ‘advogado do PCC”, afirmou ele, segundo um trecho do depoimento.
Segundo o blogueiro, esses “infiltrados” teriam tentado furar o bloqueio da Polícia Militar nas proximidades do Congresso, em direção à Praça dos Três Poderes, durante uma manifestação em que ele participou no mês passado em apoio ao presidente Jair Bolsonaro.
Além de não assumir seus atos, o blogueiro zombou da Justiça com esse depoimento. Uma rápida vista no Twitter dele é possível verificar seus ataques e incitamentos violentos contra as instituições democráticas. Como ele não assume nada do que faz, é possível que já tenha apagado os posts. Mas recuperamos alguns.
Eustáquio, que foi preso pela Polícia Federal, com autorização do STF e com o aval da Procuradoria-Geral da República (PGR), sob a suspeita de que estaria fugindo do país, afirmou que houve um equívoco das autoridades por ter feito mudança de residência recentemente – a casa antiga e a atual ficam em bairros nobres de Brasília.
O blogueiro admitiu que é amigo de Sara Giromini, conhecida como Sara Winter e líder do grupo de extrema-direita “300 do Brasil”, que também foi presa e Allan dos Santos, do site Terça Livre. Winter e Santos também são alvos de investigações no inquérito que apura o financiamento de manifestações antidemocráticas, que tem como relator no STF o ministro Alexandre de Moraes.
Não é a primeira vez que Eustáquio vira notícia. No ano passado, ele disse que o jornalista Glenn Greenwald, do The Intercept Brasil, mentiu ao ter afirmado que a própria mãe tratava de um câncer. Arlene Ehrlich Greenwald, de 76 anos, morreu pouco depois, após oito anos de luta contra a doença.
O blogueiro acabou condenado a pagar uma indenização de R$ 15 mil por danos morais a Glenn.
O ex-deputado Jean Wyllys, do PSol, também entrou com uma ação contra Eustáquio, pedindo para que fosse retirado do Youtube um vídeo no qual o então parlamentar era associado ao atentado à faca sofrido por Bolsonaro em 2018.
JUSTIÇA
A Justiça de São Paulo mandou soltar, na sexta-feira (3), dois seguidores de Jair Bolsonaro (sem partido) que participaram de um protesto ofensivo no dia 2 de maio em frente ao prédio do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, na capital paulista.
Antonio Carlos Bronzeri e Jurandir Alencar foram presos em 16 de maio após virarem réus por ameaça, difamação, injúria e perturbação do sossego.
As prisões se deram por investigação da Polícia Civil em novo inquérito policial em que os dois eram investigados por descumpriram medidas cautelares quando soltos pela 1ª vez.
Eles não poderiam sair de casa, por determinação da Justiça, mas foram vistos nas ruas e em uma manifestação de caminhoneiros contra a quarentena no estado de São Paulo.
Segundo a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) os dois saíram do Centro de Detenção Provisória III de Pinheiros para cumprir prisão domiciliar.