Alta de 13,9% em maio não recupera tombo de 19,1% acumulado em dois meses. No ano, a queda passou de -3,1% até abril para -3,9% até maio, diz IBGE
O comércio varejista não conseguiu recuperar o tombo de -19,1% que acumulou em dois meses, apesar de ter registrado um resultado positivo de 13,9% na passagem de abril para maio. Os números foram divulgados através da Pesquisa Mensal do Comércio, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), nesta quarta-feira (8), que ressaltou que a atividade positiva não representa recuperação.
“Foi um crescimento grande percentualmente, mas temos que ver que a base de comparação foi muito baixa. Se observamos apenas o indicador mensal, temos um cenário de crescimento, mas ao olhar para os outros indicadores, como a comparação com o mesmo mês do ano anterior, vemos que o cenário é de queda”, afirma o gerente da pesquisa, Cristiano Santos.
Nos dois meses anteriores, o volume de vendas do varejo havia recuado -2,8% em março e -16,3% em abril impactados pela perda de renda das famílias, medidas de distanciamento social e fechamento de serviços não essenciais para contenção da pandemia.
Na comparação com maio de 2019, o varejo teve queda de -7,2% – a terceira negativa consecutiva, o que mostra que o nível de atividade já vinha arrefecendo mesmo antes da crise.
“O aumento representa uma recuperação dos meses anteriores, com níveis recordes no campo negativo, tanto no comércio varejista, quanto no comércio varejista ampliado. Porém, essa recuperação não foi suficiente para inverter o sinal nos demais indicadores, como na comparação interanual, que registrava -17,1% em abril, passando a -7,2% em maio. No ano, o comércio continua intensificando o ritmo de queda, passando de -3,1% até abril para -3,9% até maio. Nos últimos meses, o ritmo de crescimento diminui desde março de 2020, sendo nulo em maio (0,0%) no caso do comércio varejista, e invertendo o sinal no caso do comércio varejista ampliado (-1,0%)”, diz o IBGE.
A reação do setor de alimentação, verificado através das vendas de supermercados, foi positiva em 7,1% no mês de maio depois de cair -17% em abril, ou seja, não conseguiu recuperar o tombo dos 30 dias mais rígidos de isolamento. Nesse quesito, houve grande impacto sobre a queda no rendimento das famílias e atrasos no pagamento do auxílio emergencial para a legião de desempregados e informais que se forma no país, consequência do coronavírus, mas também da política econômica que levou mais da metade dos brasileiros ao trabalho por conta própria.
A pesquisa também informou que 44,5% dos varejistas consultados alegaram forte impacto no faturamento por conta da pandemia e da ausência de medidas de socorro aos empresários.
De acordo com dados do Sebrae, 86% das empresas que buscaram crédito do início da pandemia até maio não o conseguiram. Enquanto isso, os pedidos de recuperação judicial aumentaram 68,6% e, os de falência, 30% em maio.
“Provavelmente milhares de pequenos comerciantes irão perder seus negócios após a pandemia uma vez que não conseguirão manter os fluxos de obrigações em dia por tanto tempo”, avalia o economista André Perfeito.
Varejo ampliado
O comércio varejista ampliado, que inclui também vendas de veículos, motos, partes e peças e de material e construção, cresceu 19,6% em relação a abril, mas caiu -14,9% na comparação interanual. No acumulado no ano, a queda é de -8,6%.